Suspeito de traficar 2 mil fuzis de Miami para o Rio é identificado
Operação Cash Courier, da PF, mira policial federal aposentado, verdadeiro chefe de quadrilha que abastecia Comando Vermelho com armas

A Polícia Federal, que desencadeou a Operação Cash Courier para cumprir 14 mandados de busca e apreensão, nesta quinta (20), identificou que o verdadeiro Senhor das Armas brasileiro: trata-se de um agente aposentado da PF. Ele é o principal alvo da ação, por se utilizar de pessoas físicas e jurídicas para adquirir imóveis e outros bens com o dinheiro proveniente da venda ilegal de armas traficadas dos Estados Unidos para o Rio, como forma de lavar dinheiro dos lucros obtidos. De acordo com as investigações, o policial federal aposentado foi identificado como Josias João do Nascimento. Ele é apontado como o chefe do brasileiro Frederick Barbieri, condenado por tráfico internacional de armas pela Justiça dos Estados Unidos, que ficou conhecido como o Senhor das Armas. E é acusado de ser um dos principais articuladores do fornecimento de fuzis usados por tropas de elite para traficantes do Comando Vermelho (CV), abastecendo as operações criminosas em diversas comunidades da capital.
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A Operação Cash Courier é um desdobramento da Operação Senhor das Armas, desencadeada em 2017, que apreendeu 60 fuzis no Aeroporto Internacional do Rio. A ação conta com 80 agentes da PF e dez policiais civis. Além dos mandados de busca e apreensão, que estão sendo cumpridos em endereços residenciais e comerciais nos bairros da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, a Justiça determinou o sequestro e bloqueio de bens e ativos no valor total de R$ 50 milhões. Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa, lavagem de capital, evasão de divisas, corrupção ativa e corrupção passiva. A operação conta com apoio do Ministério Público Federal (MPF), da Polícia Civil e da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
Um dos endereços atribuídos a Josias é uma mansão no Alphaville, um condomínio de alto luxo na Barra da Tijuca. Outro investigado alvo de buscas é Marcelo Lopes Santhiago Geraldo, apontado como miliciano da comunidade do Terreirão, no Recreio. Ele atirou contra os policiais que foram cumprir o mandado em sua casa, também em um condomínio de luxo no mesmo bairro. Nenhum agente se feriu. Marcelo tentou fugir, mas foi capturado pelo cerco da PF. Ele foi preso em flagrante por tentativa de homicídio.
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Os 60 fuzis de guerra chegaram em 1º de junho de 2017 de Miami pelo Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro e estavam escondidos dentro de aquecedores de piscina. Foi uma das maiores apreensões de armas do país. A operação terminou com quatro presos. Parte do arsenal foi distribuída para departamentos da Polícia Civil. Em fevereiro de 2018, agentes federais executaram um mandado de busca em um galpão alugado por Barbieri em Vero Beach, na Flórida. Lá, as forças de segurança encontraram 52 fuzis, 49 com numeração raspada e já preparados para envio para outros países. Foram encontrados ainda 2 mil projéteis e material de empacotamento. O traficante de armas foi preso em casa, por agentes do Serviço de Imigração e Alfândegas dos Estados Unidos (ICE). Além da prisão, a polícia americana conseguiu barrar o envio de 40 fuzis para o Brasil. Em julho daquele ano, um tribunal federal de Miami o condenou a 12 anos e 8 meses de prisão por tráfico internacional de armas. Além disso, a Justiça americana determinou o confisco de U$ 9,6 milhões contra Barbieri.