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Na Rocinha, extorsões são mais lucrativas que venda de drogas, diz polícia

No total, criminosos faturam R$ 12 milhões por mês na região, dos quais no máximo 25% viriam do tráfico

Por Da Redação
30 jan 2024, 16h10

Com “armas” da milícia, traficantes da Rocinha estão faturando mais com extorsões do que com venda de drogas. Segundo estimativas de investigadores ouvidos pelo jornal O Globo, os criminosos estariam arrecadando até R$ 12 milhões mensais. E, além das cobranças ilegais, segundo moradores, comerciantes e policiais eles já estariam assumindo alguns negócios legais, como bares, restaurantes, lojas de roupas, locais de festas e salões de beleza no morro.

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As extorsões a mototaxistas e motoristas de vans e a exploração de gatonet, por exemplo, são práticas antigas na Rocinha. Mas os negócios se expandiram, e os valores ficam cada vez mais altos. Apenas com a taxa semanal de R$ 150, imposta para a circulação de cada um dos 2.120 mototáxis da comunidade, o tráfico arrecada R$ 318 mil. Em um mês, é quase R$ 1,3 milhão. Já a cooperativa de vans tem que desembolsar R$ 930 por semana por veículo — são 60 —, o que rende para os bandidos R$ 223.200 por mês. Com sobrepreço para garantir a propina exigida pelos criminosos, um botijão de gás custa R$ 140 na Rocinha. O mesmo produto pode ser comprado a R$ 100 no Engenho Novo, na Zona Norte. O sinal clandestino de TV a cabo, popular gatonet, recebido por 70% das casas, sai a R$ 100 mensais por família. E os planos mais baratos de internet custam R$ 99.

“As taxas aumentaram em cerca de 20%, de 2023 para 2024”, diz uma fonte ouvida pelo jornal. A estimativa dos investigadores é que o faturamento da quadrilha na favela, com todas as atividades ilegais, oscile entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões por mês, incluindo a venda de armas e a “hospedagem” de bandidos de outros estados — como Goiânia, Ceará, Espírito Santo e Manaus — acolhidos na favela. Desse total, de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões seriam com venda de drogas — no máximo 25%. Segundo um morador que também prefere não se identificar, o grupo também controla o lucrativo mercado da construção civil: “Eles estão construindo prédios com mais de três andares, por exemplo, na Vila Verde, na Dioneia, na Cidade Nova, no Laboriaux, no 99 e na Rua Dois. Tem muita quitinete, mas tem casa de dois quartos também”. A mesma fonte informa ainda que o tráfico continua a impor a compra de água mineral de um único distribuidor.

A  Rocinha é controlada por John Wallace da Silva Viana, o Johny Bravo, do Comando Vermelho. Ele é braço direito de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do Vidigal e da Rocinha, que está cumprindo pena em presídio federal. Outro homem considerado poderoso e temido na Rocinha é conhecido como Goiabada.

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Para o coronel reformado da PM José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança, esse movimento do tráfico era uma questão de tempo: “Era esperado, assim como as milícias acabaram entrando nos negócios do tráfico em regiões da Zona Oeste. O tráfico, de uma maneira geral, também se vangloriava de que não perturbava a vida cotidiana dessas comunidades. Mas não há restrições para quem está na prática do crime junto às comunidades”.

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