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Na Rocinha, extorsões são mais lucrativas que venda de drogas, diz polícia

No total, criminosos faturam R$ 12 milhões por mês na região, dos quais no máximo 25% viriam do tráfico

Por Da Redação
30 jan 2024, 16h10
Foto mostra a comunidade da Rocinha
Rocinha: traficantes cobram taxas por serviços de transporte, como moto-táxis e vans, além de fornecimento de gás, internet clandestina e até água mineral. (Alexandre Macieira/Riotur)
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Com “armas” da milícia, traficantes da Rocinha estão faturando mais com extorsões do que com venda de drogas. Segundo estimativas de investigadores ouvidos pelo jornal O Globo, os criminosos estariam arrecadando até R$ 12 milhões mensais. E, além das cobranças ilegais, segundo moradores, comerciantes e policiais eles já estariam assumindo alguns negócios legais, como bares, restaurantes, lojas de roupas, locais de festas e salões de beleza no morro.

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As extorsões a mototaxistas e motoristas de vans e a exploração de gatonet, por exemplo, são práticas antigas na Rocinha. Mas os negócios se expandiram, e os valores ficam cada vez mais altos. Apenas com a taxa semanal de R$ 150, imposta para a circulação de cada um dos 2.120 mototáxis da comunidade, o tráfico arrecada R$ 318 mil. Em um mês, é quase R$ 1,3 milhão. Já a cooperativa de vans tem que desembolsar R$ 930 por semana por veículo — são 60 —, o que rende para os bandidos R$ 223.200 por mês. Com sobrepreço para garantir a propina exigida pelos criminosos, um botijão de gás custa R$ 140 na Rocinha. O mesmo produto pode ser comprado a R$ 100 no Engenho Novo, na Zona Norte. O sinal clandestino de TV a cabo, popular gatonet, recebido por 70% das casas, sai a R$ 100 mensais por família. E os planos mais baratos de internet custam R$ 99.

“As taxas aumentaram em cerca de 20%, de 2023 para 2024”, diz uma fonte ouvida pelo jornal. A estimativa dos investigadores é que o faturamento da quadrilha na favela, com todas as atividades ilegais, oscile entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões por mês, incluindo a venda de armas e a “hospedagem” de bandidos de outros estados — como Goiânia, Ceará, Espírito Santo e Manaus — acolhidos na favela. Desse total, de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões seriam com venda de drogas — no máximo 25%. Segundo um morador que também prefere não se identificar, o grupo também controla o lucrativo mercado da construção civil: “Eles estão construindo prédios com mais de três andares, por exemplo, na Vila Verde, na Dioneia, na Cidade Nova, no Laboriaux, no 99 e na Rua Dois. Tem muita quitinete, mas tem casa de dois quartos também”. A mesma fonte informa ainda que o tráfico continua a impor a compra de água mineral de um único distribuidor.

A  Rocinha é controlada por John Wallace da Silva Viana, o Johny Bravo, do Comando Vermelho. Ele é braço direito de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do Vidigal e da Rocinha, que está cumprindo pena em presídio federal. Outro homem considerado poderoso e temido na Rocinha é conhecido como Goiabada.

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Para o coronel reformado da PM José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança, esse movimento do tráfico era uma questão de tempo: “Era esperado, assim como as milícias acabaram entrando nos negócios do tráfico em regiões da Zona Oeste. O tráfico, de uma maneira geral, também se vangloriava de que não perturbava a vida cotidiana dessas comunidades. Mas não há restrições para quem está na prática do crime junto às comunidades”.

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