Um lado mais humano
O paisagista Burle Marx tem 138 desenhos figurativos apresentados no Centro Cultural Correios
Apesar de ter se arriscado por diversas vezes nas artes plásticas, foi nos projetos paisagísticos que Roberto Burle Marx (1909-1994) fez de seu nome uma referência. Apelidado de Poeta dos Jardins pela pintora modernista Tarsila do Amaral, ele concebeu, por exemplo, as áreas verdes do Aterro do Flamengo e do Museu de Arte Moderna carioca, o Eixo Monumental, em Brasília, e o Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Uma faceta menos conhecida de sua obra é apresentada em Roberto Burle Marx: a Figura Humana na Obra em Desenho, mostra com 138 trabalhos que tem início na quarta (14), no Centro Cultural Correios.
O rico acervo de ilustrações, a maioria desconhecida do grande público, abrange a produção de Burle Marx desde 1919, quando ele tinha apenas 10 anos, até a década de 40. A ideia de reuni-las em uma exposição surgiu por acaso. Há quatro anos, ao dar início a uma reforma no antigo ateliê do sítio do paisagista, em Barra de Guaratiba, a arquiteta do Iphan Yanara Costa Haas se surpreendeu ao ver em uma sala mais de 1?500 desenhos catalogados. Foi então que decidiu selecionar os que retratavam apenas pessoas para exibi-los em conjunto pela primeira vez. As obras, que perpassam diferentes fases do artista, estão divididas em dois grupos. O primeiro reúne retratos, algumas cenas familiares que evidenciam seus traços mais acadêmicos, desenhos em nanquim e pessoas nuas ? a exemplo das estilizadas que aparecem em Duas Figuras Humanas, feita com crayon. Já o segundo destaca exemplares da série Cenas de Bar, em que Burle Marx descortina encontros boêmios em bairros como a Lapa.
Roberto Burle Marx. Centro Cultural Correios. Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, ☎ 2253-1580. Terça a domingo, 12h às 19h. Grátis. Até 6 de janeiro. A partir de quarta (14).