Roberli Bicharra Pinto
Oftalmologista de formação, ela assumiu o desafio de reverter o sucateamento de um dos principais centros médicos da cidade, o Hospital da Lagoa

Um dos maiores orgulhos da médica Roberli Bicharra Pinto é uma sala com jeito de bufê infantil. Ali, em um ambiente que evoca o fundo do mar, projetado pelo renomado cenógrafo Gringo Cardia, funciona o centro de quimioterapia para crianças do Hospital da Lagoa. Todos os meses, 250 pequenos pacientes de câncer se tratam gratuitamente na unidade. Inaugurada em dezembro do ano passado, ela é a parte mais vistosa de um vigoroso processo de modernização que essa oftalmologista de 60 anos nascida em Barra do Piraí, no interior do estado, tem conduzido no complexo.
Em pouco mais de cinco anos, Roberli resgatou o lugar de um colapso iminente. Os números refletem a dimensão de seu trabalho. Em 2005, o belo prédio de dez andares projetado por Oscar Niemeyer, com jardins criados por Roberto Burle Marx e enfeitado com painéis de azulejos do artista Athos Bulcão, estava completamente sucateado. Com apenas 79 leitos, atendia em média 3?000 pessoas por mês. As três salas do centro cirúrgico estavam fechadas. Hoje, são 243 leitos, 22?000 atendimentos por mês e doze salas de cirurgia em pleno funcionamento. É uma rara história de sucesso. Em seus esforços, Roberli adotou eficientes técnicas de gestão, parcerias com ONGs e promoveu uma incansável busca por recursos para manter a instituição. ?O que me move é o sonho de mostrar que é possível um hospital público atender bem a população?, diz. ?Mesmo com tudo o que conquistamos por aqui, ainda há muito a ser feito.?