RJ vive nova era nos transplantes de órgãos com avanços da Rede D’Or
Com equipes multidisciplinares e tecnologia de ponta, grupo hospitalar oferece uma nova chance a pacientes antes sem esperança

O Rio de Janeiro vive uma virada no cenário dos transplantes de órgãos. Após registrar 1.069 procedimentos em 2020 – o menor número desde 2016, com impactos da pandemia de Covid-19 –, o estado iniciou uma trajetória ascendente que culminou em 1.566 transplantes em 2024, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes. No centro dessa revolução está a Rede D’Or, que nos últimos anos tem se consolidado como um importante centro de transplantes, realizando investimentos robustos em tecnologia de ponta, formação de equipes multidisciplinares especializadas e a criação de uma estrutura integrada – estratégia que se materializa não apenas em números mas, principalmente, em vidas transformadas.
Um dos marcos mais recentes dessa trajetória aconteceu no Hospital Copa D’Or, onde duas vidas foram salvas simultaneamente com órgãos de um único doador: enquanto um paciente recebia um novo coração, outro ganhava um pulmão. O feito sublinha não apenas a sofisticação tecnológica, mas principalmente a maturidade organizacional da rede que se tornou o maior centro de transplante cardíaco privado do Rio de Janeiro – e também tem atuação em âmbito nacional.
Outro exemplo de sucesso é a história de Carlos Montolin: portador de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ele havia sido rejeitado por outros centros transplantadores por estar acima dos 70 anos. No Copa D’Or, encontrou não apenas acolhimento, mas uma equipe preparada para enfrentar casos complexos como o dele. “Hoje não olhamos somente a idade cronológica, mas a biológica. Entendemos que, apesar da doença, o Carlos tinha uma condição física muito boa. Colocamos ele em reabilitação para melhorar o seu desempenho e força, conquistando um condicionamento físico, o que possibilitou o transplante”, explica o cirurgião torácico da Rede D’Or Eduardo Fontena.
Antes do procedimento, Carlos vivia preso ao oxigênio, sem conseguir realizar atividades simples como tomar banho ou sair do quarto. “É muito satisfatório ver pacientes voltando à vida com seus familiares. Temos relatos de pessoas que estão indo à praia depois do transplante, algo impensável antes”, celebra o cirurgião. Iniciado em 2023, o programa de transplante pulmonar do Copa D’Or já realizou 18 procedimentos, sendo quatro em pacientes previamente rejeitados por outros centros.
Complexidade que salva vidas
Por trás de cada transplante bem-sucedido existe uma engrenagem complexa que envolve dezenas de profissionais. Desde o momento da notificação de um potencial doador até a recuperação completa do paciente transplantado, cada minuto conta. “Os desafios começam na identificação de órgãos compatíveis, passam pelo transporte – que precisa ser rápido e eficiente, porque cada órgão tem tempo limitado de preservação fora do corpo – e culminam na coordenação perfeita entre as equipes de captação e implante”, detalha a coordenadora da UTI de transplante pulmonar do Copa D’Or, Luciana Tagliari.
Os riscos clínicos amplificam essa complexidade. Rejeição do órgão, infecções devido ao uso de imunossupressores, sangramentos e complicações pós-operatórias exigem vigilância constante e expertise multidisciplinar. “Para ter resultados muito bons, é preciso pensar em cada faceta do transplante. Quando esse pensamento é feito por uma equipe multidisciplinar, você consegue abranger diversas dificuldades e realidades do paciente”, explica o chefe de transplantes hepáticos nos Hospitais Quinta D’Or, Copa D’Or e Copa Star, Lúcio Pacheco.
É nesse cenário desafiador que os diferenciais da Rede D’Or se tornam decisivos. A estrutura montada vai muito além do centro cirúrgico: inclui UTIs especializadas para cada tipo de transplante, laboratórios de última geração, equipamentos de ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) e um dos maiores parques robóticos do Brasil. A integração entre as unidades também multiplica as possibilidades. “Mesmo fazendo transplante de fígado, posso escolher o Copa D’Or para um paciente complexo por conta do acesso ao ECMO no pós-operatório. São hospitais que trabalham muito bem em rede”, exemplifica Lúcio Pacheco, destacando como a sinergia entre Copa D’Or, Quinta D’Or e Copa Star permite customizar o cuidado conforme a necessidade de cada caso.
Entretanto, o diferencial mais significativo talvez seja a abordagem humanizada que permeia todo o processo, uma vez que a rede criou uma jornada completa para o paciente com doença grave. Essa filosofia, aliada ao investimento contínuo em monitoração de qualidade e formação de equipes, explica por que a rede alcança ótimos resultados e altos padrão de excelência.
Planos e impactos para o futuro
Os planos para os próximos anos são ambiciosos. “Estamos caminhando para aumentar ainda mais a complexidade dos procedimentos. Já temos um paciente listado para transplante duplo, como de coração e pulmão, e estamos pensando em expandir a parte de pediatria”, projeta Eduardo Fontena.
No entanto, todo o avanço tecnológico e expertise médica dependem de um fator crucial: a doação de órgãos. Consciente disso, a Rede D’Or criou um programa específico para estimular a doação dentro de seus hospitais. O programa inclui cursos sobre abordagem familiar, facilidades para o diagnóstico de morte cerebral, além de cobrança ativa dos responsáveis em cada unidade.
O impacto dessa estrutura vai além dos números, permitindo que muitas pessoas tenham uma segunda chance, melhorando sua qualidade de vida. A escolha do Copa D’Or como o hospital “Mais Amado do Rio de Janeiro” pela revista VEJA RIO, justamente no ano em que completa 25 anos, reflete a confiança da população carioca: uma relação construída não apenas sobre tecnologia e estrutura, mas principalmente sobre resultados que transformam vidas.
Em um estado onde a saúde enfrenta desafios históricos, o sistema suplementar demonstra que é possível oferecer medicina de ponta. Para centenas de famílias cariocas, essa realidade já significa a diferença entre o medo e a esperança, entre a despedida e o recomeço. No Rio de Janeiro, o futuro dos transplantes já começou – e ele pulsa no coração da Rede D’Or.