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Terra de gigantes

Ao realizar sua primeira partida no Brasil, no próximo sábado, na HSBC Arena, a NBA procura dar um salto de popularidade no país

Por Louise Peres
Atualizado em 2 jun 2017, 13h21 - Publicado em 9 out 2013, 18h01
Rob Carr/Getty Image
Rob Carr/Getty Image (Redação Veja rio/)
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Construída para os Jogos Pan-Americanos de 2007, a HSBC Arena passou a abrigar espetáculos musicais após o fim da competição. No próximo sábado (12), ela retoma com grandeza sua vocação esportiva ao receber a primeira partida no continente da liga americana de basquete, a mitológica NBA. A expectativa é que todos os 18?000 ingressos sejam vendidos para o duelo entre o Chicago Bulls, do astro Derrick Rose, e o Washington Wizards, que tem entre seus principais trunfos o pivô brasileiro Nenê Hilário, do alto de seus 2,11 metros. Apesar de ser um amistoso de pré-temporada, na quadra a disputa é à vera, com as equipes na reta final da preparação para a competição, que tem início no dia 29 deste mês. O jogo seguirá ao pé da letra as regras da liga, que apresentam algumas diferenças em relação às da Federação Internacional (veja o quadro abaixo), e contará com toda a impressionante estrutura de entretenimento que caracteriza a competição. Além dos atletas titulares, estarão presentes as cheerleaders e as mascotes de cada equipe. “O carioca poderá vivenciar toda a experiência de uma disputa desse nível. Será uma grande festa”, promete Arnon de Mello, diretor executivo da NBA no Brasil, membro da família Monteiro de Carvalho e filho do ex-presidente Collor de Mello.

Com plasticidade, talento e dinâmica a anos-luz de qualquer outro confronto da modalidade, um embate da NBA é um esporte à parte, algo que os cariocas poderão conferir agora ao vivo. Para esse histórico jogo de estreia no Brasil, os times foram escolhidos a partir de critérios comerciais. De um lado estará o Chicago Bulls, que na década de 90 faturou seis títulos, todos eles sob a liderança de Michael Jordan, o Pelé das quadras. Desta vez, seu fora de série é o armador Der­rick Rose, o 12º atleta mais bem pago do mundo, de acordo com o ranking da revista Forbes. Seu adversário será o quinteto da capital americana, no qual Nenê atua desde o ano passado. Ambas as equipes desembarcam na quarta (9) no Rio, onde vão cumprir uma intensa agenda, que inclui visitas oficiais a pontos turísticos. Cerca de 400 pessoas integram a comitiva do evento, cuja estrutura será inteiramente trazida dos Estados Unidos.

Ned Dishman/NBAE via Getty Images
Ned Dishman/NBAE via Getty Images ()

Tantos esforços para magnetizar o público nativo se justificam, uma vez que o Brasil é um dos principais mercados estratégicos em que a liga pretende se estabelecer. A investida da NBA no país vem na esteira da política de expansão global da marca, que ganhou ênfase no decorrer deste século. Com a retirada de cena de seus craques notáveis ? caso de Jordan, Magic Johnson e Larry Bird, todos eles integrantes do Dream Team que mesmerizou o planeta na Olimpíada de 1992 ?, a entidade viveu uma crise sem precedentes, com queda acentua­da na popularidade e na audiência. Foi então que seus executivos decidiram reinventá-la e atravessar as fronteiras. “A expansão internacional foi um caminho natural para conter o declínio e recuperar o prestígio”, analisa o comentarista de TV Byra Bello. Com base nessa diretriz, a NBA já levou seu circo para quarenta cidades da Ásia e da Europa. A fim de facilitar a difusão, também escancarou as portas para estrangeiros. Só as duas equipes que vêm ao Rio enfileiram no elenco jogadores de Brasil, França, Checoslováquia, Itália, Alemanha, Sérvia e Sudão do Sul.

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No país do pivô Nenê, a NBA dá sinais de recuperação do fôlego. Antes mesmo de abrir um escritório no Rio, em setembro de 2012 (no total, são quinze espalhados pelo globo), ela já havia iniciado a venda on-line de artigos esportivos, com o Brasil respondendo por 40% da receita na América Latina. Outra importante fonte de renda é o League Pass, serviço digital que permite ver no computador ou celular todas as partidas da temporada. Nesse item, somos o quinto colocado global em número de assinantes. Na TV, os indícios são também positivos. “De 2012 para cá, tivemos um aumento de 84% de audiência na fase final da competição”, revela João Palomino, diretor de jornalismo da ESPN Brasil, que transmite cerca de setenta jogos por temporada. “O interesse do brasileiro pelo basquete só cresce, e a ambição da liga em se fortalecer por aqui vai acelerar o processo.” Dentro dessa linha de aproximação, estão incluídas na programação clínicas com jovens do Complexo do Alemão. Mais adiante, em 2014, a meta é pôr em prática um projeto social em escolas públicas. “O basquete precisa ser massificado no país, e a força da NBA ajuda muito”, diz o capixaba Anderson Varejão, pivô do Cleveland Cavaliers, um dos brasileiros que fazem sucesso no torneio, ao lado de Tiago Splitter, do atual vice-campeão San Antonio Spurs, com o qual assinou há pouco um contrato de 36 milhões de dólares por quatro anos. No mundo dos gigantes, é natural pensar grande.

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