Rita Fernandes: “Vamos botar os blocos na rua, oficiais ou não”
Presidente da Sebastiana vê censura em fala de secretário de eventos, que pediu para foliões evitarem carnaval de rua não autorizado pela prefeitura
O pedido – quase uma ameaça – feito pelo secretário de Envelhecimento Saudável, Qualidade de Vida e Eventos do Rio, Felipe Michel, aos foliões que forem às ruas brincar nos blocos não autorizados pela prefeitura foi recebido com indignação por Rita Fernandes, presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro (Sebastiana). “Isso é um absurdo completo, nós não vamos aceitar de jeito nenhum“, diz Rita, que está à frente de 11 blocos, todos oficiais. “Minha vontade era que não fôssemos autorizados porque iríamos sair mesmo assim. Um bloco sem autorização oficial tem o mesmo direito de qualquer outro de ocupar a rua. Isso é garantido pela constituição”.
Em entrevista coletiva de imprensa para tratar do carnaval de rua, nesta quarta-feira, Felipe, ao lado do prefeito Marcelo Crivella e do presidente da Riotur, Marcelo Alves, pediu às pessoas que evitassem os blocos não autorizados: “Não querem ordem, não querem segurança, querem baderna”. E foi além: “A gente pede para a sociedade não exaltar os blocos não oficiais. Queremos que a sociedade se divirta com segurança e esses blocos irregulares, além de sujar as ruas do Rio, deixam os locais inseguros”.
Rita considera que o discurso do secretário é mais uma demonstração de que a prefeitura tem a intenção de, aos poucos, ir minando o carnaval do Rio, por causa da natureza “anárquica e espontânea” da festa. Para ela, ao apelar para um possível cenário de insegurança nos blocos não autorizados, o secretário tenta mascarar um ato de censura, “aliás, mais um deste governo inacreditável”. “Os blocos alternativos, os não-oficiais, são muito mais tranquilos que os megablocos oficializados por essa prefeitura conservadora e preconceituosa. Isso é fato. Esse discurso é falso, de uma censura velada horrorosa. O lugar de todos os blocos é na rua. Tem espaço para todo mundo”.