Em mais um caso de racismo, mulher negra é acusada de furto na Renner
Empresa considerou episódio 'inaceitável' e informou que funcionária que acusou injustamente cliente de furtar casaco foi demitida
Uma mulher negra que experimentava roupas no provador da loja da Renner no Shopping Madureira denuncia ter sido vítima de racismo por parte de uma funcionária do estabelecimento. A prima da vítima publicou no Twitter imagens da confusão envolvendo a cliente, a secretária Awdrey Ribeiro Screiter, de 21 anos, e a colaboradora da empresa, Andrea Luiz Souza Ferreira. No vídeo, Awdrey aparece indignada após ter sido abordada para que mostrasse o que havia em sua bolsa. Ela estaria sendo acusada de furtar um casaco. O caso foi registrado no sábado (12) na 29ª DP (Madureira) como calúnia, mas a família retornou à delegacia nesta segunda (14) para pedir que a tipificação do caso seja mudada racismo.
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“Minha prima estava no provador da Renner quando, de repente, entrou uma funcionária a coagindo, a empurrando na parede, mandando tirar tudo o que ela ‘pegou’, ela assustada abriu a bolsa perguntando ser do casaco que ela estava falando. Ela disse que o casaco era da Redley, a mulher disse que não, que era da Renner, e que ela havia roubado!”, escreveu Julliana Costa, prima da cliente, na legenda do vídeo. Awdrey havia ido ao shopping com a mãe e a tia para comprar uma roupa para uma festa de família.
RENNER DE MADUREIRA RACISTA!!!!
Gente, minha prima estava no provador da renner quando de repente entrou uma funcionária coagindo ela EMPURRANDO ela na parede mandando ela tirar tudo que ela “pegou”, ela assustada abriu a bolsa perguntando ser do casaco q ela est+ #rennerracista pic.twitter.com/hifB1KG7UJ— J (@ju_cst) November 12, 2022
As imagens mostram outras clientes afirmando que testemunharam a abordagem e confirmando a versão da cliente. Uma outra mulher afirma que aquele tratamento foi dado em função da cor da pele da vítima. O caso repercutiu nas redes sociais na manhã deste domingo (13). Em nota a Renner classificou o episódio como “inaceitável” e informou que a funcionária que fez a abordagem “já não faz mais parte do quadro de colaboradores da companhia”. Em depoimento, Andrea admitiu que teve “conduta indevida”. Ela contou que fez uma abordagem após notar um “movimento” feito pela secretária. A a acusada disse também “que assim que viu a blusa, percebeu que não era da loja e imediatamente pediu desculpas“.
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A Polícia Militar foi chamada ao local da ocorrência. Um outro vídeo que circula nas redes sociais mostra um policial conversando com a vítima. Ele chama a cliente para resolver a situação em um lugar reservado, diz que os direitos dela serão preservados, mas não estava ali para “fazer circo para ninguém”. A declaração do agente também causou indignação nas testemunhas. Em nota, a PMERJ afirmou que “as partes foram conduzidas para a delegacia”. A Polícia Civil disse que “os agentes ouvem testemunhas e realizam outras diligências para esclarecer as circunstâncias do fato.”
Leia a íntegra do comunicado da Renner:
O episódio ocorrido no Madureira Shopping é inaceitável. A abordagem realizada foi totalmente inadequada e não está alinhada aos valores da Lojas Renner, por isso a colaboradora responsável já não faz mais parte do quadro de colaboradores da companhia. Nos sensibilizamos, lamentamos profundamente o ocorrido e daremos apoio à cliente, nos colocando à sua disposição.
A empresa não tolera racismo ou qualquer tipo de preconceito e discriminação. Reforçamos que temos uma política de Direitos Humanos, além de um Código de Conduta e um programa de diversidade que buscam promover a inclusão, o que passa pela sensibilização e capacitação constante das nossas equipes.
Continuaremos empenhados em avançar na conscientização de nossos times e no aprimoramento de nossos processos, reforçando os treinamentos e com atuação imediata na loja em questão, com o objetivo de garantir que o respeito e a equidade sejam aplicados em todas as nossas relações.