Quiosques fazem abaixo-assinado contra proibição de música na orla
Decreto da prefeitura também veta garrafas de vidro na areia e estacionamento de patinetes e ciclomotores no calçadão

A prefeitura apertou o cinto das regras e publicou decreto com normas severas de ordem a respeito da orla carioca, gerando imediato repúdio de empresários que estão por trás dos mais movimentados quiosques, no que diz respeito à proibição da música ao vivo. O decreto foi publicado na sexta (16) e começa a vigorar no dia 31, listando 16 condutas como o veto ao letreiro com nome e a fixação de bandeiras por comerciantes na areia, assim como a proibição de garrafas de vidro na praia.
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O veto à música ao vivo, que é a atividade principal de muitos quiosques em todos os trechos de areia do Rio, é o tema de um abaixo assinado criado por empresários, músicos e artistas na internet, que até a tarde desta terça (20) já havia obtido mais de 5.000 assinaturas.
“Quanto mais ordem na cidade, na orla, melhor, claro, mas não consigo entender a proibição de música nos quiosques. A gente trabalha corretamente, respeitando o que diz a lei, os horários. Se tem alguém que está desrespeitando, que haja fiscalização, mas acabar com tudo é algo que não entendo. Vai gerar desemprego, o movimento certamente será afetado”, disse o empresário Bruno de Paula, sócio de quiosques de sucesso musical em Copacabana como Ginga, Nacho Praia, Samba Social Clube, Areia MPB e Coisas de Bamba.
Dono do La Carioca, no Leblon, que promove divertidos encontros de jazz e charme à beira-mar, Flávio Datz afirmou, em suas redes sociais, convocando os clientes a assinar o documento contrário ao veto: “Já existem regras limitando o horário e o volume, basta fiscalizar e punir os excessos. A simples proibição é uma atitude feia e autoritária que não combina com a nossa cidade maravilhosa”. O DJ Marcelinho da Lua comentou na postagem: “Se organizar todo mundo toca. Atitude preguiçosa”.
Mesmo antes de o decreto entrar em vigor, fiscais da prefeitura já percorriam as praias nesta segunda (10), e muitos comerciantes tiveram que inverter as faixas de identificação das barracas para não exibir os nomes dos espaços, que agora deverão ser identificados por números.
Estão proibidas também a venda de bebidas em garrafas de vidro; a instalação e funcionamento de comércio ambulante sem autorização, como carrocinhas e barracas; a circulação e o estacionamento de ciclomotores, patinetes motorizados ou similares no calçadão.
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O texto do abaixo-assinado contrário à nova norma da prefeitura diz que a censura à música vai deixar dezenas de cantores, DJs, produtores, técnicos de áudio, dançarinos e outros sem emprego. “A música não é apenas um trabalho para essas pessoas, mas também um meio indispensável de expressão cultural e recreação pública que beneficia a vida de moradores e turistas. A censura da música ao vivo infringe gravemente seu direito ao trabalho e liberdade de expressão. Extinguir a música na orla não apenas diminui a qualidade de vida na cidade, mas também agrava a situação de desemprego no país, que já está em torno de 14,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, diz o texto.