A fila do luxo no mercado carioca
A demanda por bolsas, roupas e relógios vindos do exterior forma listas de espera em multimarcas e lojas de grife no Rio. Entre os itens de cobiça tem até mocassins personalizados para bebês
Ainda faltam cinco longos meses até que o produto seja enviado ao Brasil, passe pela alfândega e, por fim, chegue às lojas. Mas, para garantir um par de pumps da nova coleção da grife inglesa Charlotte Olympia, a fila de consumidoras da multimarcas Avec já começa a se formar. Os excêntricos sapatos, cujo design inclui o desenho do focinho de um gato no bico, foram lançados em outubro na Europa e só chegam ao Rio em março. Mas já reúnem uma legião de clientes afoitas para possuí-los. “Esse modelo só virá para a nossa coleção de inverno, mas as clientes já pediram que a gente ligue assim que o produto chegar”, conta Silvia Chreem, diretora de marketing da Avec. O preço do par sequer foi calculado. Segundo Silvia, deve girar em torno de 3 900 reais. “Com os custos de importação, costuma ser o dobro do que a cliente pagaria se fosse a Londres comprá-lo”, calcula ela.
Para a clientela do mercado de luxo carioca, aguardar a chegada dos itens mais cobiçados é o que resta. Não importa o valor, a cor ou a data em que vão chegar. Em uma pequena ronda por algumas lojas, descobrimos que muitas vezes nem mesmo o modelo disponível faz diferença. “O que a gente recebe de Proenza Schouler é vendido instantaneamente, qualquer que seja a bolsa. Já tivemos casos de até dez clientes deixarem sinal na loja para garantir uma”, afirma Diogo Bastos, gerente da NK Store no Rio. Ele conta que, quando o caminhão de entrega chega, restam míseras duas ou três bolsas para exposição na loja. Cada modelo, vale dizer, custa uma média de 6 000 reais. “O mesmo acontece com a Céline. O modelo saco, o mais famoso, custa 3 600 reais e se esgota, não importa a cor: off white, coral, verde, bicolor. O que tiver, vai embora”, diz ele. Até que uma nova leva de produtos da grife francesa chegue, são 3 a 4 meses de espera. O imbróglio se repete em outros mercados. Por 27 500 reais, um Rolex modelo Oyster Perpetual Daytona de aço está à venda na Sara Joias. O item frequentemente desaparece das vitrines. A vinda do produto depende dos trâmites de importação e, pode levar de 10 dias a dois meses.
Até mimos para os pequenos têm dado um chá de cadeira na clientela mais abastada. Os mocassins personalizados da Little Raggio, usados por Suri Cruise, filha de Katie Holmes e Tom Cruise, e pelas herdeiras de Barack Obama, Sasha e Malia, vendem feito água na primeira loja da grife aberta no Rio, em julho, no Rio Design Leblon. A marca brasileira fez fama nos Estados Unidos com seus produtos de couro, feitos à mão, decorados com o nome da criança. Os preços variam entre 190 e 269 reais. “É um produto muito artesanal. O nome é bordado à mão, e as mães acham isso o máximo, querem um de cada cor”, conta Fernanda Colagrossi, uma das sócias da marca. Os sapatinhos são produzidos em Franca, São Paulo, e exportados para lojas americanas como a Saks Fifth Avenue, em Nova York. A saída é tamanha – em setembro, 400 “baby mocs” foram vendidos em menos de 30 dias – que a Little Raggio reforçou os estoques para o Natal. “Já temos uma fila de pedidos se formando”, adianta Fernanda.
As festas de fim de ano também exigiram um reforço nos estoques da loja da Louis Vuitton da Garcia D?Ávila, em Ipanema. Na última semana, foi feita a reposição modelos mais disputados e vendidos, como o clássico Speedy, em formato de baú, e Never full, uma sacola grande, que custam cerca de 2 000 reais cada. Resta saber se eles duram até 2012 chegar – com dezembro vindo aí e Papai Noel também, é difícil acreditar que sim.