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Prefeitura fecha Campo de Santana para gravações da Record

Equipe de "Apocalipse" ocupou quase toda a área verde e liberou apenas um trecho exíguo para circulação no parque próximo à Central do Brasil e ao Saara

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 nov 2017, 13h19 - Publicado em 4 nov 2017, 16h58

Em tempos em que as contenções orçamentárias e verbas restritas de patrocinadores tem promovido um aperto nos orçamentos das produções para a TV, até mesmo aquelas de proporções bíblicas, a equipe da novela Apocalipse, da Record, tem aproveitado o como nunca o cenário exuberante do Rio para enfeitar suas externas.

Neste fim de semana, a produção ocupou praticamente toda a área da Praça da República, gerida pela Fundação Parques e Jardins da Prefeitura do Rio, extensa área verde no Centro conhecida como Campo de Santana. No sábado (4), o portão lateral, próximo ao hospital Souza Aguiar, que normalmente fica aberto todo o dia, era acessível somente a caminhões e pessoas autorizadas pela produção da emissora pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus, à qual o prefeito Marcelo Crivella é ligado. Um operador de tráfego que trabalha para o município – cerca de uma dezena foram destacados para o serviço – informou que a interdição seria mantida até 17h. Os portões da Presidente Vargas e o da Saara estavam abertos, mas o público só podia circular por uma pequena área delimitada junto à extremidade do parque, demarcada por faixas de interdição.

Filmagens de grandes proporções exigem autorização da Prefeitura e precisam ser realizadas por meio da plataforma Rio Ainda Mais Fácil. Todos os trâmites burocráticos para a liberação da área e o pagamento de taxas, assegurou a VEJA RIO o presidente da Fundação Parques e Jardins, Roberto Rodrigues de Oliveira, estão em dia. Ele no entanto não forneceu maiores detalhes sobre a interdição. O subprefeito do Centro, Marcelo Rottemberg, ao ser procurado, disse que não tinha informações sobre a gravação. “O Campo de Santana é da Fundação Parques e Jardins”, alegou.

Servidores habituados a lidar com autorização de eventos em áreas públicas estranharam o fechamento de um dos portões de acesso e a dimensão da restrição. “A cidade está sendo entregue à Igreja Universal”, reclamou o morador João Luiz Costa, que costuma se exercitar na área. A interdição acontece em momento de tensão entre Crivella e os produtores culturais da Cidade que se queixam da dificuldade para conseguir autorizações para utilização de áreas públicas da cidade para realização de eventos e da repressão oficial.

Muito utilizada por moradores do Centro que buscam uma área para se exercitar e por trabalhadores, que cruzam o parque público para chegar até o Saara ou à Central do Brasil, o parque público reverencia a República, proclamada nos seus arredores  há quase 130 anos. Com paisagismo assinado pelo francês Auguste Glaziou, a Praça da República reúne obras de grande valor artístico e bens tombados. Em setembro, a Prefeitura foi notificada pelo Ministério Público Federal por ter sido conivente com a pichação e a depredação de um bem tombado, o Paço Imperial, por ocasião de evento realizado em espaço público.

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Segundo Roberto Rodrigues Oliveira, que assumiu a presidência da Fundação Parques e Jardins, na recente reforma de secretariado anunciada em no mês passado, esta foi a segunda e última etapa da gravação de Apocalipse autorizada pela licença vigente.

Nota-resposta da RioFilme (atualização em 5 de novembro):

“As produções de conteúdo audiovisual, ou seja, filmagens, gravações e sessões fotográficas, ficam dispensadas de alvará, conforme o sistema da Prefeitura, Rio Ainda Mais Fácil Eventos – RIAMFE. Somente no mês de outubro a RioFilme recebeu cerca de 120 solicitações oriundas de produções de formatos variados (filmes, novelas, conteúdo web, sessões fotográficas, entre outros), que foram autorizadas na sua totalidade. Dentre elas, 20 demandaram infraestrutura da Prefeitura – interdição no trânsito, liberação por parte de órgãos municipais, nada opor da superintendência regional, entre outras ações, que não afetaram a rotina do município.
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Vale ressaltar que a Prefeitura criou, em março deste ano, o Sistema Rio Mais Fácil Audiovisual, coordenado pela Rio Film Commission, braço da RioFilme para promover a imagem da cidade. O instrumento digital tem como função facilitar e agilizar o procedimento de autorização da produção de conteúdo audiovisual no Rio de Janeiro.  A atual gestão valoriza toda e qualquer produção audiovisual que propague a imagem da cidade maravilhosa”.
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