A peça mais cara da ArtRio não será um quadro, uma tela ou uma escultura tradicional. Sintomaticamente, será uma instalação, suporte artístico muito frequente em feiras de assinatura ?contemporânea?. Está orçada em 1,5 milhão de reais a obra Fortaleza de Arkadin, tão grande que se resolveu que era melhor ficar exposta na parte externa dos armazéns ? ela é resistente à chuva e ao calor. Com 12 metros de comprimento, 3 de largura e 6 de altura, trata-se de um experimento do artista plástico paulista Wesley Duke Lee, da galeria Ricardo Camargo. Junta 144 toras de madeira (de 20 centímetros de diâmetro cada uma) e 28 xerografias sobre papel-arroz. Tem sutil apelo erótico e foi construída em 1990, especialmente para a Bienal de Veneza, na Itália.
É certo que poucos podem comprá-la para botar no quintal. E muitos podem se perguntar: por que custa tão caro? O que importa, no caso, bem mais que o custo do material, é o conceito que está por trás do projeto, e também vale muito a história que ele carrega.
Outro aspecto interessante, quando o tema é o preço das obras, é a discussão sobre o valor de um original ante uma cópia. Isso é assunto recorrente, entre outros, no ramo da fotografia. Tomem-se como exemplo os trabalhos de Sebastião Salgado, profissional brasileiro respeitadíssimo no exterior. Ele comparece com uma série de registros feitos no continente antártico. Serão dezenas de exemplares da mesma foto à venda, mas, ressalte-se, todos devidamente assinados pelo fotógrafo (alguns inclusive com a marca ?PA?, ou seja, ?prova do artista?). Daí a valorização de cada peça, daí o alto custo.