Policiais que abordaram jovens negros em Ipanema viram réus na Justiça
Três adolescentes negros, abordados com truculência pelos agentes em julho, eram filhos de diplomatas
Dois policiais militares que abordaram cinco adolescentes, sendo três deles negros e filhos de diplomatas, em Ipanema no início de julho vão responder por ameaça e constrangimento ilegal.
A decisão é do juiz Leonardo Rodrigues da Silva Picanco. Ele aceitou a denúncia contra os sargentos Luiz Felipe dos Santos Gomes e Sergio Regattieri Fernandes Marinho.
Na ocasião, os PMs desceram do carro com arma em punho, na Rua Prudente de Moraes, endereço nobre da Zona Sul carioca.
Eles, então, encostam os jovens no muro de um prédio e começam a revistá-los. À época, a abordagem provocou um incidente diplomático e o Itamaraty teve de pedir desculpas às famílias dos meninos.
O Ministério Público afirma que não houve racismo, já que, em depoimento, os adolescentes disseram que os agentes não proferiram palavras discriminatórias. “Diante do conjunto probatório, muito embora não tenha elementos para denunciar o crime de racismo, do ponto de vista da prova, para o MP há elementos para denunciar o crime de constrangimento ilegal e ameaça”, disse o promotor Paulo Roberto Mello Cunha à TV Globo.
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O promotor ainda explicou ao jornal RJ2 que o crime de ameaça se deu porque os adolescentes contaram que um dos PMs afirmou que eles “não deveriam sair de casa nesse horário e que, na próxima revista, poderia ser pior”.
Raquel Fuzaro, a advogada que representa as famílias dos adolescentes, houve, sim, crime de racismo, e não apenas ameaça e constrangimento ilegal.
A Polícia Militar informou que a Corregedoria Geral da corporação ainda não foi notificada da denúncia contra os agentes e que o procedimento interno sobre o caso está em andamento.