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Pesquisadores encontram cocaína em 13 tubarões da costa do Rio

Droga estava nos músculos e no fígado dos animais; coletas foram realizadas no Recreio dos Bandeirantes, entre 2021 e 2023, por equipe da Fiocruz

Por Da Redação
23 jul 2024, 15h48
Pesquisadores encontraram resquícios de cocaína em tubarões no Rio
Tubarões: todas as amostras de músculo e fígado dos animais pesquisados testaram positivo para a presença de cocaína; já a benzoilecgonina foi detectada em 12 amostras de músculo e em 2 de fígado. (Levi Sá/Inaturalist/Reprodução)
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Pesquisadores brasileiros do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) detectaram, pela primeira vez no mundo, a contaminação de tubarões por cocaína na costa do Rio de Janeiro. O dado chama atenção para a alta quantidade da droga que é consumida na cidade e descartada no mar, via esgoto sanitário. Conduzido pelo Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC, o estudo identificou a presença de cocaína em 13 animais da espécie Rhizoprionodon lalandii, popularmente conhecida como “tubarão-bico-fino-brasileiro”, “cação rola rola” ou “cação-frango”. Os resultados foram publicados na revista científica Science of The Total Environment este mês.

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O principal metabólito da substância, a benzoilecgonina, resultante da metabolização da cocaína no organismo, foi encontrado em 12 destes animais. As coletas foram realizadas no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, entre setembro de 2021 e agosto de 2023, como parte de um esforço para avaliação da saúde ambiental, com foco em acompanhar mudanças no ambiente, sejam ocorridas de forma natural ou a partir da interferência humana – e seus impactos sobre as diversas formas de vida marinha.

“No Brasil, estudos já detectaram a contaminação de água e alguns poucos seres aquáticos por cocaína, como mexilhões. Nossa análise é a primeira a encontrar a substância em tubarões”, disse à Agência Fiocruz de Notícias o farmacêutico Enrico Mendes Saggioro, um dos pesquisadores à frente do achado inédito, juntamente com a bióloga Rachel Ann Hauser-Davis, ambos do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC.

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Segundo Rachel, os tubarões desempenham papel crucial no ecossistema marinho, assim como as raias. Por serem predadores, são figuras centrais na cadeia alimentar e são assumidos como espécies sentinela para detecção de danos ambientais, incluindo diferentes formas de contaminação. De acordo com estudos disponíveis, os pesquisadores acreditam que a principal via de chegada da droga no ambiente marinho é pelo descarte de resíduos da substância no esgoto, que é lançado no mar.

“A partir dessa constatação no território nacional, nosso grupo de pesquisa decidiu investigar se os animais que nosso laboratório havia coletado para estudos envolvendo outros contaminantes também estariam contaminados por cocaína. O resultado é impressionante. Encontramos a substância em todos os 13 tubarões analisados”, acrescentou Enrico à agência de notícias.

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Todas as amostras de músculo e fígado testaram positivo para a presença de cocaína. Já a benzoilecgonina foi detectada em 12 amostras de músculo e em 2 de fígado. A concentração média de cocaína nos animais foi 3 vezes maior que a concentração do metabólito. Uma hipótese dos pesquisadores para explicar este dado é a superexposição dos animais à substância. Outro achado que intrigou os especialistas foi a maior concentração de cocaína nos músculos do que no fígado dos animais analisados. O estudo analisou a diferença na presença da droga entre machos e fêmeas. Nas fêmeas, há maiores concentrações (40,2 ± 35,8 μg kg −1) de cocaína nos músculos, em comparação aos machos (12,4 ± 5,9 μg kg −1 ). “Como próximas etapas, pretendemos coletar e analisar amostras de água e de outros animais dessa e de outras regiões da costa do Rio de Janeiro”, adiantou Rachel, na entrevista.

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