Mirando novos públicos, patrimônios do Rio são reformados e voltam à ativa
Canecão, Roxy, Mercadinho São José, Jardim de Alah... todos renascem até 2025 reformados e, em geral, com propostas diferentes das originais
Os bons tempos voltaram? Nostalgia à parte, uma série de endereços tradicionais cariocas está voltando à ativa. Mas todos reformados e, em geral, com propostas diferentes, mirando novos públicos. De qualquer forma, poder voltar a frequentar (ou conhecer) patrimônios do Rio como o Canecão, o Roxy e o Mercadinho São José, por exemplo, já é bom para quem é daqui ou vem de fora. Todos abertos para novos tempos.
Blue Note
O Blue Note Rio volta ao Rio já em outubro, mas em casa nova, com direito à varanda à beira-mar, no coração da Avenida Atlântica. O emblemático clube de jazz e blues foi criado em Nova York em 1981 e que tem filiais ao redor do mundo. O Rio foi primeira cidade do hemisfério sul a ter uma sede para chamar de sua, mas estava sem o espaço – que nasceu no Lagoon, na Lagoa, e depois migrou para Ipanema – desde a pandemia. O novo endereço está em obras, para ganhar o mesmo visual da sede de Nova York, e tem abertura prevista para o dia 5 de outubro com Christian Scott, trompetista de jazz americano e multi-instrumentista. A casa tem shows previstos até o fim do ano e apresentações de Hamilton de Holanda, Marieme, Marcos Valle, Mark Lambert já garantidas.
Canecão
A icônica casa de shows de Botafogo, inaugurada como cervejaria em 1967 e fechada desde 2010, tem previsão de reabertura como espaço cultural em 2025. O consórcio vencedor do leilão, que ocorreu em fevereiro desse ano, ofereceu 4,35 milhões de reais e ganhou o direito de usar o espaço que pertence a UFRJ pelos próximos 30 anos. A ideia é demolir o prédio antigo e construir novas estruturas, incluindo um espaço cultural multiuso – que equivaleria ao antigo Canecão —, e uma área chamada Espaço Ziraldo. De acordo com o contrato de concessão, os novos gestores terão que cumprir uma série de contrapartidas para a UFRJ, como a construção de um restaurante universitário e dois prédios acadêmicos no campus Praia Vermelha. As obras vão durar mais de dois anos. O local também vai ganhar uma área pública de convivência, além de um espaço para circulação de veículos. O espaço para apresentações terá 3 mil lugares no módulo ‘show’, com público em pé, ou 1,5 mil lugares sentados. Mas o uso do nome Canecão não é obrigatório, já que o espaço pode ser batizado com a marca de um patrocinador.
Jardim de Alah
O Jardim de Alah tem a chance de finalmente ser aproveitado pelos cariocas em toda sua potência. A área de 93,6 mil metros quadrados entre Ipanema e Leblon, há anos subaproveitada e abandonada, será administrada pelo Consórcio Rio + Verde, vencedor para a Parceria Público Privada (PPP). Ainda não há data para a modernização do espaço começar, mas a estimativa é que sejam investidos 112,6 milhões de reais para as melhorias. No primeiro ano, seriam empregados 67,5 milhões de reais para reurbanizar o espaço. O projeto inclui, entre outros atrativos, duas novas quadras poliesportivas, um parcão, uma área para a terceira idade, playground infantil e novas passagens de pedestres, além de restaurantes,lojas e um museu a céu aberto com 40 esculturas.
Mercadinho São José
Fechado desde 2018, quando o INSS, então proprietário, retomou judicialmente o imóvel, o Mercado São José (Mercadinho para os íntimos), em Laranjeiras, foi comprado pela prefeitura do Rio, que analisa propostas para concessão do espaço. A premissa é manter a fachada e reabrir o local como centro cultural e gastronômico, como ele ficou conhecido. Segundo a Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), todas propuseram a manutenção do local com bares e restaurantes, alguns também com espaço para eventos, e uma praça comum com os boxes em volta. O que varia um pouco é a utilização da área contígua. Há proposta de restaurantes maiores, extensão da parte de mercado de alimentos ou quatro restaurantes menores. A previsão é que, a partir da concessão da licença, sejam 12 meses de obras. Neste ritmo, o Mercadinho deve reabrir no segundo semestre do ano que vem.
Roxy Dinner Show
Há dois anos no Cadastro dos Negócios Tradicionais e Notáveis para garantir que o imóvel de quatro mil metros quadrados continuasse sendo ocupado por um bem de relevância cultural para a cidade, o cinema Roxy, em Copacabana, volta ao cartaz como “dinner show” em janeiro de 2024. Sob orientação do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, está sendo possível transformar o espaço de quatro mil metros quadrados que no passado abrigou uma sala de exibições para 800 pessoas (a maior do Brasil na época) em uma casa de espetáculos. As reformas estão em curso, e preservam, como estipulado, pilares da entrada, letreiro externo, galeria e jirau de entrada, e a cúpula de concreto dos anos 30. A plateia pagará R$ 480 por entradas (que incluem a experiência completa: jantar com entrada, prato principal e sobremesa, além de assistir ao espetáculo completo). O show terá direção musical de Pretinho da Serrinha, e a direção geral e artística é de Abel Gomes, responsável pelas Olimpíadas 2016.
Sofitel
A unidade carioca da marca Sofitel, que ocupa o espaço do antigo hotel Caesar Park, em Ipanema, deverá finalmente ser reaberta no final próximo ano. As obras do novo hotel já foram reiniciadas. O imóvel, comprado pela AccorInvest – investidora e operadora do setor hoteleiro líder na Europa e na América Latina, e administrado pela Accor, responsável por marcas como Ibis, Sofitel e Pullman -, estava sendo reformado desde 2019, mas passou por problemas e a obra chegou a ser interrompida por causa de uma ação judicial movida por vizinhos incomodados com os transtornos. Localizado em um dos melhores pontos da Zona Sul carioca, com vista para o morro Dois Irmãos de um lado e para a praia de Copacabana do outro, o Caesar Park sempre foi referência de luxo e requinte, tendo hospedado personalidades como Madonna.