O que já se sabe sobre passista que teve braço amputado em hospital do Rio
Sambista da Grande Rio havia se internado para retirar miomas no útero no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, em fevereiro
Uma passista da Grande Rio que se internou para retirar miomas no útero no do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, saiu de outra unidade de saúde dias depois sem parte do braço esquerdo. A Secretaria estadual de Saúde e a Polícia Civil do Rio investigam o caso. Tudo começou ainda em 2022, quando a sambista tinha dores e sangramentos. Na época, ela fez exames apontavam miomas, e especialistas recomendaram a retirada imediata do órgão. Mas só quase seis meses depois, no dia 30 de janeiro, ela conseguiu agendar o procedimento na rede pública. Ai é que realmente começaram os problemas.
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Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, que também é trancista, havia se internado no último dia 3 de fevereiro e, no dia seguinte, sua família foi avisada de que ela teria que passar por uma histerectomia total — a retirada completa do útero. Os parentes foram visitá-la, mas ela estava entubada e com as pontas dos dedos esquerdo escurecidas. Os braços e as pernas estavam enfaixados. Em 6 de fevereiro, a família foi avisada de que Alessandra, ainda entubada, teria que ser transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo. Notando que o braço da passista estava praticamente preto, os familiares foram informados por um médico de que o braço esquerdo dela seria drenado porque “já estava começando a necrosar”. Quatro dias depois, o Iecac informou que a drenagem não deu certo e que “ou era a vida de Alessandra, ou era o braço”, porque a necrose iria se alastrar. A família autorizou a amputação. A cirurgia foi feita, mas o estado da paciente se agravou, com o rim e o fígado quase parando e com risco de uma infecção generalizada.
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“Só lembro mesmo disso, de acordar em outro hospital sem o braço”, disse Alessandra, que só teve alta em 15 de fevereiro, à TV Globo. Mas o périplo da passista estava longe de terminar. No dia 28 de fevereiro, ao retornar ao Iecac para a revisão da cirurgia de amputação, foi dito a ela que havia problemas nos estado dos pontos no braço e na barriga, e recomendaram que voltasse ao Heloneida Studart. A família, porém, decidiu não voltar à unidade e buscou outras opções. Após ser recusada em diferentes hospitais, Alessandra foi internada no Hospital Maternidade Fernando Magalhães e transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, rebendo nova alta dia 4 de abril.
A família de Alessandra, que fez um boletim de ocorrência na 64ª DP (São João de Meriti), diz que até agora, dois meses e meio depois de tudo que aconteceu, nenhuma autoridade explicou a causa que levou à amputação — apenas foi dito que ela corria risco de necrose.
“Já fizemos requerimentos aos hospitais para pegar os prontuários. A partir desses documentos, vamos entrar com uma ação contra o Estado”, afirmou a advogada Bianca Kald. Alessandra está noiva há 11 anos e tinha o sonho de engravidar. Ela também não sabe como vai conseguir trabalhar em salões de cabeleireiro sem uma das mãos. “Eu quero que os responsáveis paguem, que o hospital se responsabilize, porque eles conseguiram acabar com a minha vida. Destruíram meu trabalho, minha carreira, meu sonho…tudo”, disse ela.
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A Secretaria estadual de Saúde disse que vai abrir uma sindicância para apurar o que aconteceu no Hospital da Mulher Heloneida Studart. A Polícia Civil informou que os agentes da 64ªDP requisitaram o laudo médico de atendimento na unidade para fazer uma análise.