Como a onda de calor no Rio impacta a catástrofe climática no Sul do país

Bloqueio atmosférico forma barreira que impede a chegada de frentes frias ao Sudeste; elas ficam estacionadas lá

Por Da Redação
9 Maio 2024, 16h05
Calorão
Calorão: combinação de fenômenos meteorológicos — o bloqueio atmosférico e a onda de calor — também tem como consequência a baixa umidade relativa do ar, que exige hidratação (Pixabay/Reprodução)
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Extremos opostos: enquanto o Sul do Brasil sofre com as chuvas e aguarda temperaturas ainda mais baixas nos próximos dias, o Rio, no caminho das frentes frias que normalmente chegam de lá, desde o dia 1º enfrenta mais uma onda de calor prevista para durar até o dia 17. Os dois fenômenos estão diretamente ligados: o paredão de altas temperaturas está impedindo a passagem das frentes frias, que ficam estacionadas na Região Sul.

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Por trás das duas situações está a mudança climática global, que se manifesta em eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos, como explicou ao jornal O Globo o pesquisador Emilio La Rovere, coordenador do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Centro Clima), da Coppe/UFRJ. “Na América do Sul, tem a intensificação do fenômeno El Niño. No Brasil, isso provoca secas mais graves no Nordeste, e chuvas mais intensas no Sul. No Rio, a consequência foi nova onda de calor e um bloqueio atmosférico que cria a barreira de alta pressão de uma massa de ar quente. A frente fria que atinge o Rio Grande do Sul não tem força e nem velocidade para furar esse bloqueio e se dissipar”. Ela é desviada para o oceano e não causa queda nas temperaturas nem precipitações nas cidades do estado. Não por acaso, a última chuva sobre a cidade do Rio caiu no dia 18 do mês passado. E, segundo o Alerta Rio, da prefeitura, aquela foi apenas a quarta vez que isso aconteceu em abril.

Depois do abril mais seco, 2024 caminha para ter o mês de maio mais quente da série histórica de medições iniciada no Rio em 1966. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram um outono atípico, diferente dos anteriores. Poucas chuvas, baixa umidade relativa do ar e, principalmente, temperaturas bem acima da média não são esperadas em um período de transição para o inverno. Antes mesmo da atual onda de calor, este outono já se comportava de maneira surpreendente nos municípios fluminenses. No lugar de esperadas temperaturas amenas, a capital, por exemplo, já registrou máximas de 36°C, bem acima dos 28°C considerados, em média, o topo para o mês. Niterói teve a temperatura mais alta do país no dia 28 de abril — 38,8°C —, e repetiu o feito no último dia 2.

O início do outono ainda carrega características do verão. Tanto que abril costuma ser chuvoso. Quando vamos entrando em junho, vão surgindo as características do inverno, mais frio e seco. Mas a tendência é que as máximas sigam acima dos 30 graus até o dia 14de maio, quando uma quebra do bloqueio atmosférico poderá começar a permitir a passagem e a chegada de frentes frias ao Rio.

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O bloqueio atmosférico é um sistema de alta pressão que inibe a formação de chuva. Por isso há calor e baixa umidade. A combinação de fenômenos meteorológicos — o bloqueio atmosférico e a onda de calor — também tem como consequência a baixa umidade relativa do ar: a taxa prevista para hoje é de 20%. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de umidade do ar para o corpo varia entre 40% e 70%.

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