Obras nas Lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá mostram seus primeiros resultados
Com investimento de R$ 250 milhões, o projeto da Iguá já remanejou 200 piscinas olímpicas de sedimentos e ecossistema responde positivamente

Em setembro de 2024, foram avistados ninhos diferentes na Lagoa da Tijuca. As engenheiras responsáveis foram as biguatingas, uma espécie de ave que, no passado, frequentava a região, mas nunca tinha sido avistada produzindo um ponto fixo de repouso e cuidado dos filhotes. Pelo menos 18 desses animais já se instalaram no espaço, próximo de onde acontecem as obras de dragagem, iniciadas há um ano pela concessionária Iguá.
A presença de biguatingas simboliza um novo momento para o Complexo Lagunar, uma combinação de lagoas dispostas na zona oeste do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá. Também foram plantadas mais de 60 mil mudas de espécies nativas de mangue – até o final das obras serão 240 mil.
Até agora foram remanejados cerca 500 mil metros cúbicos de sedimentos da Lagoa da Tijuca, volume equivalente a aproximadamente 200 piscinas olímpicas, um trabalho que contribui para a melhoria da troca de água entre as lagoas e mar, de forma a promover a oxigenação das lagoas. O material é usado para preencher cavidades, localizadas próximas ao Condomínio Península. Essas cavidades foram criadas devido a retirada de material usado no processo de urbanização da região, e hoje dificultam o fluxo de água e acumulam material orgânico, que entra em processo de decomposição e causa o mau cheiro no local.
Estes são os primeiros resultados dos trabalhos desenvolvidos pela concessionária de saneamento básico, que atende 19 bairros da Zona Oeste. A dragagem, a criação das novas áreas de mangue e o reflorestamento das lagoas são alvo de um projeto para o qual estão sendo investidos R$ 250 milhões. “Nosso compromisso é restabelecer o fundo das lagoas como elas eram, permitindo que mais água do mar entre nesse espaço e contribua para a oxigenação”, afirma Lucas Arrosti, diretor de operações da Iguá.
Mudança cultural
Os trabalhos tiveram início ainda na fase de operação assistida, em 2021, com o recolhimento de lixo – mais de 240 toneladas desde então – e a elaboração do projeto de recuperação da área. O trabalho de dragagem teve início em abril de 2024 e vai se estender por mais dois anos. “Trabalhamos para resgatar as avenidas marítimas que conectam as lagoas ao oceano”, define Arrosti. Em paralelo, o saneamento básico vem sendo resgatado na região de forma a melhorar a cobertura de atendimento em esgoto, dos atuais 70%, para 90% em doze anos.
O aspecto cultural, de valorização da qualidade de vida na cidade, é crucial para que a iniciativa seja bem-sucedida, afirma o diretor. “Atuamos na frente das soluções ambientais e da consolidação da infraestrutura de saneamento. O poder público, tanto municipal quanto estadual, cumpre sua missão ao contratar o serviço e ao buscar soluções viáveis para a ocupação urbana”, relata. “E a população recebe orientações para fazer sua parte, seja aderindo à rede de esgoto quando disponível, seja mantendo a infraestrutura em dia, limpando, por exemplo, a caixa de gordura”.
Essa nova abordagem é consolidada pela Iguá no movimento Juntos pela Vida das Lagoas, que reúne uma série de ações capazes de reduzir a carga de efluentes e sedimentos atualmente lançados de forma irregular no Complexo Lagunar, além de convidar a população com parte importante desse cuidado. As medidas por parte da concessionária incluem a implementação de dispositivos capazes de capturar esgoto despejado em galerias pluviais, além da expansão da cobertura de esgoto em áreas formais e nas comunidades do entorno.
Benefícios ambientais

Em paralelo com os ganhos para a cidade do Rio de Janeiro, os benefícios ambientais tendem a se multiplicar. A Iguá estima, por exemplo, que as novas mudas para os manguezais serão capazes de neutralizar 36 mil toneladas de CO2, um total de emissões equivalentes a 8 mil carros por ano. “As obras vão avançar em redução do assoreamento; redução da vulnerabilidade em relação às enchentes; permitir maior penetração de água salgada; incremento de biodiversidade; melhoria da qualidade da água das lagoas”, lista Mario Moscatelli, biólogo e consultor do projeto.
“Com o avançar da dragagem, espera-se uma melhor qualidade da água, mais peixe e mais espécies que se alimentam de peixes e outros organismos que virão com as águas do mar. Até 2030, com o avanço da dragagem e redução progressiva dos lançamentos de esgoto, espero por uma explosão de biodiversidade”.
Desta forma, até o fim da obra, um legado importante terá sido deixado para a região. “Estamos colocando a região na direção certa para um caminho de resgate do ecossistema e da qualidade de vida. Um terço dos profissionais que atuam no projeto são contratados entre pessoas do entorno. Assim geramos renda e compartilhamos um senso de pertencimento, com impactos positivos de longo prazo”, finaliza Lucas Arrosti.
Clique aqui para conhecer melhor o projeto Juntos pela Vida das Lagoas.