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“Nunca fomos procurados pelo estado do Rio”, diz deputada Sâmia Bomfim

De volta ao Congresso quase dois meses após o assassinato do irmão, parlamentar do Psol pensa em uma legislação para amparar melhor parentes e vítimas

Por Da Redação
29 nov 2023, 15h43

De volta ao Congresso Nacional na última segunda (27), quase dois meses após o brutal assassinato de seu irmão, o médico Diego Bomfim, Sâmia Bomfim (Psol-SP), tenta se readaptar  à rotina. Na madrugada de 5 de outubro, o médico de 35 anos estava em um quiosque na praia da Barra com mais três colegas, em visita ao Rio para um congresso de ortopedistas, quando o grupo foi atacado por milicianos por engano. Além de Diego, morreram também outros dois médicos que o acompanhavam, Marcos de Andrade Corsato, 62, e Perseu Ribeiro Almeida, 33, – que, segundo as investigações da Polícia, foi confundido com um criminoso. Daniel Sonnewend Proença, 32, foi o único que resistiu aos tiros.

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“Até agora, na verdade, as respostas mínimas que a gente tem é porque fomos atrás. Nunca fomos buscados pelo estado do Rio”, lamenta Sâmia, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, acrescentando que ela e sua família receberam a notícia do crime através da imprensa, assim como os parentes dos demais assassinados. “Uma notícia dessas você não dá dessa forma”, completou. Filha de uma secretária e de um escrivão de polícia aposentados, Sâmia, de 34 anos, é a caçula de três irmãos — Dayane Bomfim, 36, e Diego, agora morto. “É muito duro pensar que a pessoa com quem você conviveu desde que nasceu foi morta de uma forma tão brutal, por acidente. Pensar que ele não teve nem o direito de saber por que estava morrendo”, disse ela, às lágrimas.

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A deputada contou que no mês passado teve acesso ao inquérito, que é sigiloso. “Foi importante ter acesso justamente por conta dessa falta de resposta, dessa ausência de cuidado com a nossa família”, afirmou. Ainda segundo ela, por um tempo as coisas que seu irmão tinha deixado no hotel ficaram desaparecidas: “Ninguém sabia onde estavam. O hotel não sabia, a polícia não sabia. De repente, encontraram as coisas dele. A gente vai receber nesta semana”. Outra queixa de Sâmia diz respeito o tempo de espera dos médicos por uma ambulância, que teria sido de 20 a 25 minutos. “Um tempo considerável, já que as pessoas foram baleadas. É um tempo que pode colocar em risco a vida de uma pessoa que pode sobreviver.  Principalmente para o Daniel, que estava com condições claras de sobrevivência, mas também do meu irmão, que não morreu na hora”, observou. “No atestado de óbito está registrado que ele morreu no hospital. A gente ainda não sabe se foi no trajeto ou no hospital, mas não foi na hora. Sempre dá uma sensação ruim saber dessa demora”, acrescentou.

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Perguntada se sentia angústia por saber que o caso está sendo investigado no Rio, que ainda não solucionou o caso da execução de Marielle Franco, em março de 2018, Sâmia foi categórica: “Sem dúvida. Não é nada contra as pessoas, os profissionais que estão diretamente envolvidos e que estão fazendo o seu trabalho. Não se trata de uma questão moral, individual. Mas é porque há uma falência do sistema de segurança pública. O estado do Rio de Janeiro é uma falência generalizada. E são tantos casos absurdos, sem resolução, ou tantos novos casos absurdos, que em tese são motivados por crimes anteriores, que é angustiante e desesperador“.

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A parlamentar considerou que a preocupação com a segurança pública ganhou ainda mais importância em seu trabalho. “Acho que é inevitável que a minha preocupação sobre a temática da segurança pública ganhe importância. Estou pensando nisso todos os dias. Não só a segurança pública como a gente conhece, mas de que forma que as vítimas de homicídio, as vítimas de violência do Estado e suas consequências são tratadas. A gente passou por muita coisa, e tem como pensar também uma legislação para amparar melhor os familiares, as vítimas”, concluiu.

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