Suspeitos de integrar novo escritório do crime entram na mira do MP
Três PMs estão entre os denunciados por integrar grupo ligado à contravenção; organização é acusada de tráfico de armas, sequestros e homicídios

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta quinta-feira (15) uma operação para cumprir nove mandados de prisão contra suspeitos de integrar uma organização criminosa armada, batizada de “Novo Escritório do Crime”. A ação conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI).
+Como funcionava golpe do falso investimento aplicado por ex-PM
Segundo a denúncia apresentada à Justiça, o grupo atua de forma semelhante ao extinto Escritório do Crime — organização ligada à milícia e a homicídios por encomenda. Dos nove alvos, cinco já estavam presos e serão notificados dentro de unidades prisionais. Entre os suspeitos estão três policiais militares, lotados nos batalhões do Rocha Miranda (9º BPM), Belford Roxo (39º BPM) e um terceiro já detido no Batalhão Especial Prisional (BEP), com patente de capitão.
+Ideias de Mario Moscatelli tomando forma na Lagoa
O grupo seria subordinado a chefes da contravenção no Rio e, conforme apuração do MP, participava da venda ilegal de armas e munições apreendidas em operações policiais. Os denunciados respondem por crimes como organização criminosa armada, sequestro e comércio ilegal de armamento.
+O que significa o bloqueio de bens de Marcelo Crivella pela Justiça
Entre os principais investigados está Thiago Soares Andrade Silva, conhecido como “Ganso”, “Batata” ou “Soares”. Ex-policial militar, ele é apontado como líder do grupo e está atualmente preso na Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói. A denúncia do Gaeco ainda atribui ao grupo dois assassinatos cometidos com requintes de execução, à luz do dia e com armamento pesado.
+Quais bairros serão afetados por interrupção de abastecimento de água
Um dos homicídios é o de Fábio Romualdo Mendes, executado com diversos disparos dentro de seu carro, em setembro de 2021, na Zona Oeste da cidade. A vítima esperava a esposa sair de um posto de saúde em Vargem Pequena. Outro crime ocorreu semanas depois, em Realengo, onde Neri Peres Júnior foi morto em uma emboscada com tiros de fuzil.
As ordens de prisão foram expedidas pela Auditoria da Justiça Militar e pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Capital.
+Deputado quer acabar com área VIP em shows pagos com dinheiro público
Crimes planejados e mensagens reveladoras
Segundo o MP, os assassinatos foram cuidadosamente planejados pelos integrantes do grupo. Fábio Romualdo teria sido morto para eliminar um possível rival na disputa por território na Zona Oeste, área sob influência da organização. A denúncia indica que todos os envolvidos no crime foram pagos.
A investigação detalha ainda a atuação de Bruno Marques da Silva, conhecido como “Bruno Estilo”, policial militar acusado de fornecer armas e participar da logística do homicídio de Fábio. Ele teria, inclusive, manifestado ansiedade em realizar a execução, enviando mensagens a comparsas com fotos de uma pistola Glock adaptada com kit rajada — arma compatível com os disparos efetuados no crime.
+Mancha escura no mar da Barra da Tijuca intriga frequentadores
Trocas de mensagens via WhatsApp entre Bruno e Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza, o “Rodriguinho”, preso no Complexo de Gericinó, mostram o monitoramento da vítima e os preparativos para o assassinato. Em um dos trechos, Rodriguinho menciona que Bruno teria esquecido sua arma no carro. “Cara, tua arma tá comigo. Tu deixou dentro do carro”, escreveu.
+ Para receber VEJA Rio em casa, clique aqui
A denúncia também mostra que a execução foi remarcada duas vezes. Em uma das ocasiões, os criminosos aguardavam a vítima em uma barbearia, mas ela não apareceu. “Mano, estou me adiantando. Nem sinal do moleque lá. Se ligou? Nem sinal do moleque lá. Não apareceu no barbeiro. Amigo tá vindo embora já. Valeu”, diz uma das mensagens.
O segundo homicídio atribuído ao grupo ocorreu em 4 de outubro de 2021, também na Zona Oeste. A vítima, Neri Peres Júnior, foi surpreendida em uma via pública de Realengo.