Prestes a virar bairro, Argentino tenta escapar do estigma da violência
Câmara do Rio aprovou um projeto de lei que reconhece pequena área da Zona Norte como 166º bairro carioca; Paes tem até esta terça (20) para sancioná-la ou não

Desconhecida da grande maioria dos cariocas, uma pequena área entre Vila da Penha, Vista Alegre e Brás de Pina, na Zona Norte, está prestes a virar o 166º bairro oficialmente reconhecido do Rio. Apesar de funcionar quase como um condomínio — abrangendo apenas quatro ruas —, o lugar, que é endereço de cerca de 515 famílias, está encravado numa região que sofre com problemas de segurança, por conta de ataques vindos do Complexo de Israel — que abrange Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas, territórios sob domínio de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, do TCP. Em julho do ano passado, traficantes ligados ao grupo criminoso tentaram invadir as favelas do Quitungo (próxima a uma de suas entradas) e do Guaporé, controladas pelo CV e, segundo a polícia, associadas a Thiago do Nascimento Mendes, o Belão. Por esta e por outras, em votação simbólica, a Câmara Municipal do Rio aprovou um projeto de lei que reconhece o Argentino como novo bairro carioca. A proposta está na mesa do prefeito Eduardo Paes (PSD), que tem até esta terça (20) para sancioná-la ou não.
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Se a lei sair do papel, o Argentino se tornará o menor bairro da cidade. Ele abrangeria uma região entre a Avenida Meriti e a Estrada do Quitungo, incluindo o Shopping 3.000, a Escola Municipal Marcílio Dias e a Praça Roberto Vaz da Costa — não muito longe do Largo do Bicão. O pequeno oásis de ruas limpas e câmeras espalhadas nas ruas conta com uma associação de moradores ativa, a Associação de Moradores do Bairro Argentino (Amba), fundada em 2022, que lidera o movimento pelo reconhecimento oficial. A área era parte do antigo Sítio do Argentino Lamas, que, nos anos 1960 loteou parte de suas terras dando origem às quatro ruas que hoje formam o possível novo bairro: Cabo Rocha, Emílio Miranda, Cabo Herculano e Alcides Rosa.
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Em entrevista à TV Globo, a autora do projeto, vereadora Rosa Fernandes (PSD), explicou que a ideia é atender a uma demanda antiga dos moradores, que reclamam de viver em um “limbo cartográfico”: há divergências se estão em Brás de Pina, em Vista Alegre ou na Vila da Penha. Além disso, desde que a Amba assumiu, em 2023, a gestão da Praça Roberto Vaz da Costa por meio do programa Adote Rio, o espaço virou um centro comunitário com câmeras de segurança, rampas de acessibilidade, calçamento novo e até um espaço baby com trocador.