Com novas provas, caso Eduardo, de 2015, pode ter reconstituição
Mãe do menino conseguiu testemunha e irmã foi ouvida novamente, assim como delegado que esteve no local do crime; peritos prestarão novos depoimentos
Quase dez anos depois, o caso do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto com um tiro de fuzil na cabeça, no Morro do Alemão, em 2015, pode ganhar uma nova reconstituição. A reabertura do caso foi possível graças à luta da mãe do menino, Terezinha Maria de Jesus, hoje morando em outro estado, que prefere não revelar qual por questões de segurança. Na semana passada, a irmã de Eduardo foi ouvida novamente, assim como o delegado que esteve no local, no dia do crime. Já peritos vão prestar novos depoimentos no próximo dia 17.
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A Primeira Promotoria de Justiça de Investigação Penal não descarta a possibilidade de fazer uma nova reconstituição do caso, uma vez que surgiram novos relatos. A primeira foi realizada pela Polícia Civil quinze dias após a morte do menino. Mas, desta vez, o Ministério Público pode usar a tecnologia. Se novas construções não tiverem surgido no local do crime, o MP pretende escanear a área e, com os dados colhidos, fazer uma maquete em 3D pra reproduzir as versões dos policiais, da família e de testemunhas. A análise do confronto dessas versões é considerada fundamental para o esclarecer o que aconteceu naquele dia de abril de 2015, quando Eduardo foi morto com um tiro de fuzil na cabeça, disparado por um policial militar da UPP do Alemão. O menino brincava no celular na porta de casa.
“Consegui 43 vídeos que me ajudaram muito também nesse desafio do processo e uma testemunha-chave, de quem não posso falar nome. Mas ela viu tudo o que aconteceu com meu filho. Na época, ficou com muito medo e era menor. Passaram 8 anos, ela com aquilo na mente. Ela disse que não dormia mais, só pensando, e principalmente, quando via nas reportagens pedindo Justiça pra Eduardo. Ela resolveu me procurar”, contou a mãe à TV Globo. Ela conseguiu que o caso tivesse mais visibilidade há dois anos, quando o ator Clayton Nascimento começou a contar sua história no palco, com a peça “Macacos”. Em uma das apresentações, o advogado João Pedro Accioly ofereceu ajuda, e o caso voltou a andar.
Sete meses depois do crime, o processo contra dois PMs acusados de matar o garoto foi arquivado pela Justiça. Na época, o inquérito da Polícia Civil concluiu que os policiais agiram em legítima defesa, trocavam tiros com bandidos e balearam Eduardo acidentalmente, apesar de testemunhas terem dito o contrário. Em setembro do ano passado, o Ministério Público determinou o desarquivamento da investigação, já que foram apresentadas novas provas.
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Em 2015, a Delegacia de Homicídios da Capital estava à frente da apuração da morte de Eduardo. Esse é mais um crime onde há suspeita de obstrução nas investigações por parte do delegado Rivaldo Barbosa, responsável pela DH na ocasião. Rivaldo Barbosa está preso na Penitenciária Federal de Brasilia, acusado de participação no assassinato de Marielle Franco.