Nego do Borel chega a faturar 50 000 reais por show

Sucesso na TV e nas rádios, aos 23 anos o cantor faz até três apresentações por noite 

Por Alessandra Medina
Atualizado em 2 jun 2017, 12h03 - Publicado em 9 jul 2016, 01h00
Leno Maycon, mais conhecido como Nego do Borel: infância humilde e cordões de 25 000 reais
Leno Maycon, mais conhecido como Nego do Borel: infância humilde e cordões de 25 000 reais (Leo Aversa/)
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Leno Maycon Viana Gomes tinha 10 anos quando viu os MCs William e Duda, seus vizinhos no morro do Borel, favela da Tijuca, na Zona Norte do Rio, entoar funks na TV. Depois disso, o menino pôs na cabeça que viraria um cantor famoso a qualquer custo. O caminho para o sucesso, no entanto, teve muitos percalços. Antes que o hit Não Me Deixe Sozinho estourasse nas rádios e nas pistas de dança, ele precisou driblar a infância paupérrima, trabalhar como catador de latas, cobrador de van e mototaxista para ajudar no orçamento familiar. Hoje, aos 23 anos e conhecido nacionalmente como Nego do Borel, está faturando alto. Comenta-­se que seu cachê gira em torno de 50 000 reais. Ao lado de Anitta, o cantor é um dos mais requisitados desse gênero genuinamente carioca. Faz uma média de trinta apresentações por mês e chega a subir ao palco até três vezes numa única noite. “Nem nos meus sonhos mais loucos imaginei que um dia seria conhecido no Brasil todo”, diz.

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Filho de uma empregada doméstica, ele nunca foi um aluno aplicado. Pelo contrário. Mas, nos intervalos das aulas, impressionava os colegas com o dom de fazer rima. Nessa época, Nego morava num barraco de madeira e o dinheiro mal dava para comprar leite e pão. “Passei fome”, recorda o jovem, que adorava soltar pipa, mas não tinha nem os mirrados centavos necessários para comprar uma. Sua única diversão era frequentar os bailes nos morros, onde pedia para se apresentar, mesmo que de graça. Foi em um deles que conheceu o Bonde das Maravilhas, as criadoras do passo de dança “quadradinho de oito”. Com as dançarinas, compôs Eu Adoro, Eu Me Amarro. A música logo virou hit e ele foi convidado para fazer participação nos shows. Em 2013, pegou carona na moda do funk ostentação e lançou seu primeiro clipe-solo no YouTube, com mais de 4 milhões de visualizações. 

Mas Nego queria mais. Com um CD debaixo do braço, no ano passado, procurou Gerson Faria, sócio da cantora Anitta. O empresário sugeriu que ele mudasse o repertório e apresentou o cantor à dupla de compositores Umberto Tavares e Mãozinha, os criadores de Meiga e Abusada e Na Batida, gravadas pela cantora, e Hoje, sucesso na voz de Ludmilla. Na primeira reunião, Nego revelou a vontade de fazer um clipe que tinha como fio condutor uma situação em que várias mulheres o seduziam, ameaçando o seu namoro (ele está há três anos com a empresária Crislaine Gonçalves, de 26). A ideia acabou servindo de inspiração para a dupla escrever Não Me Deixe Sozinho. A canção chamou a atenção da gravadora Sony, que lançou o CD Nego Resolve, em 2015. A faixa principal, claro, é o hit que hoje tem mais de 32 milhões de visualizações no YouTube. O valor do cachê vem acompanhando o sucesso: dos 4 000 reais iniciais, ele mais que decuplicou em apenas um ano.

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Desfrutando um padrão de vida infinitamente superior ao dos tempos do Borel, o cantor mora numa confortável casa de quatro quartos, piscina e sauna, no Recreio. Pagou à vista 2 milhões de reais pelo imóvel e contratou uma arquiteta para decorar os ambientes. Só fez uma exigência: que fosse retirado o espaço reservado para a máquina de lavar. “Não precisa disso, não! Quem lava a minha roupa é minha mãe”, alertou. O estrelato possibilitou a realização de velhos sonhos, como ter um BMW X4, carrão de 300 000 reais. “Mas meu maior desejo mesmo era comprar uma dentadura para a minha mãe, a minha avó e a minha tia”, recorda o cantor, que aproveitou para pôr lentes de contato nos próprios dentes. Agora, cismou de operar as orelhas. “Puxei à minha avó. Ela parece o Mickey”, dispara, esbanjando sinceridade. Assim como acontece com outras celebridades, Nego foi apresentado ao mundo das permutas, em que as empresas trocam produtos e serviços pela divulgação feita pelos artistas nas redes sociais. A sua festa de aniversário, que será realizada na terça (12), por exemplo, é um exemplo clássico desse expediente. Noticiada como uma farra de mais de 1 milhão de reais, foi toda organizada dentro do esquema. “Ganhei tudo”, diverte-se ele.

Com quase 3 milhões de seguidores no Instagram e outros 5 milhões de curtidas no Facebook, o cantor tem no jogador Neymar um de seus melhores amigos. Os dois se conheceram no ano passado e sempre trocam mensagens por WhatsApp. A lista de amigos inclui ainda o surfista Gabriel Medina e o jogador Daniel Alves. Isso sem contar os colegas de Malhação, novela em que interpreta o personagem Cleiton. Para ajudar a memorizar suas falas, contratou um coach. “Ele me dá toques de como devo me comportar. Até parei de falar gíria”, explica. A convivência com o elenco tem influenciado também a maneira como ele se apresenta em público. A profusão de cordões, anéis e pulseiras de ouro agora sai com menos frequência do cofre. “As pessoas não usam isso por aí”, argumenta. Nego só não abriu mão da obsessão por torrar dinheiro com guloseimas como iogurte, chocolate e biscoito recheado. “É trauma de infância”, entrega. “Pode abrir minha geladeira, está lotada.” Apesar da conta bancária polpuda, as lembranças do Borel continuam presentes como nunca.

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