MPF pede proteção a comunidades tradicionais em Angra e Paraty
Orientação é voltada para evitar disseminação da covid-19
Comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas e caiçaras) na região de Angra dos Reis e Paraty, na costa verde fluminense, devem receber proteção durante a pandemia de covid-19, segundo a recomendação conjunta do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) expedida nessa segunda-feira (13).
A recomendação é voltada para a segurança alimentar de indígenas e quilombolas, bem como o fornecimento de água potável, a restrição de acesso às comunidades e o acesso à saúde, com testagem para a nova doença.
Segundo os órgãos, a aldeia Sapukai, que reúne 420 índios guarani, registrava em 1º de julho 44 casos confirmados de covid-19. “O relatório técnico do Grupo de Estudos da Baía da Ilha Grande (GEBIG/IEAR/UFF) do Instituto de Educação de Angra dos Reis – Universidade Federal Fluminense demonstra que o coeficiente de incidência (casos confirmados/100 000 habitantes) da covid-19 da aldeia indígena Sapukai é 10,4 vezes maior em comparação ao restante do município de Angra dos Reis, o que reforça a gravidade da situação epidemiológica da aldeia Sapukai”, diz a recomendação.
+Grupo de mensagens de milícia carioca tinha 500 membros, diz polícia
O documento também alerta para os altos riscos de contaminação decorrentes da presença de pessoas que não fazem parte do núcleo de convivência das comunidades tradicionais, cuja organização social se baseia na família extensa, composta de várias casas muito próximas umas das outras, que vivem em torno de um casal de matriarca ou patriarca, com intenso contato físico entre os núcleos familiares próximos, como compartilhamento de utensílios domésticos, o que pode facilitar o aumento exponencial do contágio da doença.
Entre outros pontos, a recomendação pede ao governo estadual e municipais que adotem medidas para apoiar a segurança alimentar das comunidades quilombolas e outros povos e comunidades tradicionais durante a pandemia do novo coronavírus, por meio da distribuição de alimentos e água potável, em cronograma urgente, com especial atenção às localidades de difícil acesso.
+Coronavírus: metade dos bares vistoriados no Rio é multada pela Vigilância
Aos prefeitos de Angra dos Reis e Paraty, pede que as comunidades tradicionais sejam incluídas nas decisões administrativas relacionadas à saúde, à reabertura e à recuperação econômica, que implementem e reforcem barreiras de isolamento social, sempre ouvindo associações de moradores e lideranças comunitárias.
O documento solicita que as prefeituras monitorem a situação epidemiológica das comunidades e também pede a testagem dos 1.013 indígenas guarani e pataxó da região como forma de controlar o avanço da doença, já identificada em algumas aldeias.
O prazo para atendimento à recomendação é de dez dias a contar do recebimento.
Paraty
A prefeitura de Paraty informou que vem fazendo um trabalho específico de acompanhamento e assistência às comunidades tradicionais e aldeias do município, no contexto da pandemia da covid-19 assumindo, inclusive, atribuições de outras esferas de governo.
+Cariocas de classe alta estão doando mais na pandemia, aponta pesquisa
“Nas quatro aldeias indígenas do município, a prefeitura vem realizando ações periódicas de bloqueio de casos suspeitos da covid-19, com visitas das equipes da Vigilância Epidemiológica e do Serviço de Infectologia do município. A vacinação contra a gripe, preconizada como medida complementar para reduzir os casos de síndrome gripal, superou a meta do governo do estado entres os indígenas do município”, diz a nota.
+ Para receber VEJA Rio em casa, clique aqui
A prefeitura também informou que tem trabalhado na melhoria da infraestrutura