Morto no banco: família de idoso diz que empréstimo foi pedido em março
Pagamento deveria ser feito em 84 parcelas de R$ 423, segundo documento mostrado por parentes; filho de Érika afirma que ela tem transtornos psiquiátricos
Parentes de Érika de Souza Nunes, presa por levar o tio Paulo Roberto Braga, de 68 anos, morto em um banco em Bangu para tentar sacar um empréstimo, apresentaram um documento onde consta que o valor de R$ 17 mil foi solicitado no dia 25 de março deste ano. A quantia seria paga em 84 parcelas de R$ 423, durante sete anos, descontados do benefício da LOAS-Lei Orgânica da Assistência Social – que ele recebia desde agosto passado, no valor de um salário mínimo, conforme mostrou o Fantástico, da TV Globo, neste domingo (21). Segundo a família de Érika, o dinheiro seria usado para fazer uma obra na casa onde o idoso morava com a sobrinha.
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Paulo Roberto tinha quatro irmãos que vivem fora do Rio. Ele morava com a sobrinha em uma casa em Bangu, há pelo menos 15 anos, com três dos seis filhos de Érika. Segundo a família, ele tinha um quarto no segundo andar da casa, mas quando sua saúde foi ficando debilitada passou a ficar numa garagem que foi improvisada para recebê-lo. “Dei o orçamento para ela de todo o material. Ela queria colocar piso, pintar, comprar geladeira, uma televisão nova para poder deixar lá para ele, uma cadeira de rodas, uma cama mais confortável para que ele sentisse melhor“, disse ao Fantástico o ex-marido de Érika, José Geraldo Santos, que é pedreiro. O programa mostrou um vídeo, gravado no fim do ano passado, em que José Geraldo, que tinha problemas com álcool, aparece cantando ao lado dele.
“Minha mãe criou seis filhos e nunca precisou roubar ou enganar ninguém. Ela nos ensinou o caminho do estudo, o caminho do que é correto. Eu gostaria que as pessoas fossem mais sensíveis com essa situação. Estamos enfrentando a perda do nosso tio e essa grande mal-entendido com a nossa mãe”, disse Lucas Nunes dos Santos, filho dela. Os parentes argumentam que Érika tem problemas de saúde mental e faz uso de remédios psiquiátricos. Relatórios médicos assinados por psiquiatras que a atenderam pelo plano de saúde da família mostram que, em 2022, o médico pediu a internação psiquiátrica da paciente. O laudo diz que ela é dependente de sedativos e tem quadro de depressão, pensamentos suicidas e alucinações auditivas. No ano passado, outro psiquiatra também pediu a internação por dependência de sedativos e hipnóticos. “Minha mãe algumas vezes tentou suicídio. Ela vem passando por momentos difíceis, vem passando por transtornos psiquiátricos, já tem acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Os remédios muitas vezes causavam alucinações, transtornos“, afirmou o filho.
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O laudo de necropsia do Instituto Médico-Legal (IML) de Campo Grande diz que Paulo Roberto morreu entre 11h30 e 14h30 de terça-feira. A princípio, a causa da morte seria o engasgo com algum alimento, que teria provocado uma broncoaspiração e falência cardíaca. O corpo do idoso foi sepultado neste sábado (20), no Cemitério de Campo Grande.