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Moradores do Leblon criam patrulha contra furtos de bicicletas

Com furtos nas ruas em alta, moradores do Leblon montam operação própria nos moldes do Segurança Presente

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 5 jan 2018, 15h00 - Publicado em 5 jan 2018, 15h00

Responda rápido: qual é o bairro do Rio com o maior número de furtos de bicicletas? Pode ser bem pouco provável pensar no Leblon, mas essa é a resposta correta à pergunta. Entre janeiro e novembro de 2017, a zona coberta pela 14ª DP liderou o ranking de ocorrências desse tipo, de acordo com o Instituto de Segurança Pública. Os assaltos também estão em alta na região, alvo de 958 roubos nas ruas nesse período (veja o quadro). O número representa um aumento de 26% em relação aos mesmos meses de 2016 e é quase três vezes maior do que o verificado na área que compreende os vizinhos Gávea, Jardim Botânico, Lagoa, São Conrado e Vidigal. Descrentes de que a solução virá do poder público, moradores e empresários do bairro se reuniram para financiar uma operação de emergência nos moldes do Segurança Presente, implantado com sucesso no Aterro do Flamengo, Centro, Lagoa, Lapa e Méier. Entre dezembro de 2015 e setembro do ano passado, foram efetuadas 10 937 prisões, mais da metade delas por posse e uso de entorpecentes, de acordo com os dados oficiais.

Lagoa Presente: modelo de policiamento financiado pela iniciativa privada (Márcia Foletto/Agência O Globo)

Batizada de Leblon Presente, a iniciativa começa suas atividades até abril e passa pelos últimos ajustes antes de chegar às ruas. Bancos, concessionárias, farmácias, fundos de investimento, shoppings e supermercados compõem o leque de financiadores, que reúne até agora quinze integrantes. A estimativa da Associação Comercial do Leblon é que a operação custe 10 milhões de reais por ano e 80% desse valor seja destinado ao pagamento da mão de obra. Ao todo, 124 agentes serão selecionados, entre PMs em dias de folga e civis egressos das Forças Armadas que atualmente estão inscritos em um banco de dados organizado pelo governo do estado. Eles vão trabalhar em duplas, conforme as necessidades de cada parte do bairro. No Alto Leblon, onde houve aumento dos roubos cometidos por motoqueiros, por exemplo, os vigilantes atuarão com bicicletas e motos. Uma central de monitoramento será criada para analisar imagens capturadas em 95 pontos, incluindo duas torres móveis com câmeras que filmam em 360 graus. A operação contará ainda com assistentes sociais, responsáveis por encaminhar para abrigos públicos os moradores de rua que hoje vivem, principalmente, na Praça Antero de Quental e em toda a extensão da Avenida Ataulfo de Paiva. “Em outros bairros, houve uma redução de até 50% na quantidade de mendigos por meio desse tipo de trabalho”, afirma Evelyn Rosenzweig, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon.

(Veja Rio/Reprodução)

A meta do Leblon Presente é reduzir em 50% o número de ocorrências no bairro nos primeiros seis meses de atividade. O objetivo pode parecer ousado, mas o histórico de eficácia de ações como essa mostra que é possível alcançá-lo. Um exemplo é o Aterro Presente, que fez com que a quantidade de roubos de rua no Parque do Flamengo caísse 80% entre janeiro e outubro de 2017, em comparação com o apurado no mesmo espaço de tempo no ano anterior. Entretanto, a execução da iniciativa ainda envolve desafios. No próprio Aterro, há relatos de abordagens, por parte dos agentes, a pessoas sem nenhum indício claro de cometimento de crime. Por coincidência ou não, na maioria das vezes os suspeitos são jovens e negros, o que é visto com preocupação por defensores públicos e outros críticos do modelo. Em defesa do projeto, Evelyn afirma que, se bem aplicada, a formação oferecida a quem participa do programa pode funcionar como uma requalificação profissional para os próprios PMs. A ideia é que, ao transmitir a seus agentes noções de abordagem e de policiamento de proximidade, a operação ensine uma nova postura à polícia como um todo. “Mais do que aumentar a segurança do bairro, o Leblon Presente funcionará como um programa de reciclagem”, diz a presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon.

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