Mocidade desfila futurista na emoção do luto pela morte de carnavalesca
Márcia Lage foi lembrada durante a passagem da escola que teve ponto alto na comissão de frente tecnológica

Nos primeiros minutos do aquecimento com sambas passados e gloriosos da Mocidade Independente de Padre Miguel, o intérprete Zé Paulo Sierra surgiu com um boné futurista exibindo um letreiro luminoso com o nome: Márcia. Com a bateria portando luzes que se movimentavam na cabeça de cada componente em tom de verde que ‘acendeu’ a passarela, a escola desfilou com os sentimentos à flor da pele na homenagem carnavalesca Márcia Lage, única mulher a assinar um enredo em 2025, que faleceu devido a uma leucemia, aos 64 anos, no dia 19 de janeiro, após tecer a trama da Mocidade ao lado de Renato Lage, seu marido, de 75 anos.
+ A vida presta! Elenco de ‘Ainda Estou Aqui’ comemora Oscar na Sapucaí
“Eu tenho que superar, o espetáculo não pode parar. Falta ela estar presente aqui nesse projeto que a gente fez junto. Trabalhamos para resgatar aquela atmosfera da escola vencedora dos anos 1990, as pessoas são outras, mas vamos azeitando”, disse Renato Lage, durante o desfile, vestido com uma camisa preta com a foto em cores de Márcia. Tricampeão com as cores verde e branco, ele está de volta à escola após 24 anos.

Uma das poucas escolas a abordar temas sem relação com a cultura afro, a Mocidade abriu os desfiles de terça-feira levando para lados distintos as suas alegorias, e fez levantar o público na hora que um imenso robô, um humanoide surgiu por trás dos paineis luminosos da comissão de frente no estilo ‘Matrix’, movimentado pelos componentes, além de cães robôs. O enredo refletindo sobre o futuro e suas possibilidades tecnológicas, como um tempo onde as relações humanas precisam ser valorizadas, trouxe muitas luzes e discos voadores.

Rainha da escola, Fabíola de Andrade desfilou com uma letra ‘R’ em gargantilha, em homenagem ao marido, o contraventor Rogério de Andrade, patrono da Mocidade, preso em presídio federal no Mato Grosso do Sul. “Acho que esse carnaval é dedicado a ele e a Márcia Lage, que está lá de cima olhando por todos nós”, disse Fabíola.
Engajada, a escola seguiu com o samba de versos fortes como “O verde adoecido da esperança / Ofega sobre o leito da cobiça / Quem vive pelo preço da cobrança / Derrama sua lágrima postiça”.