Caso do milkshake: polícia encontra chumbinho em bebida que matou mulher
Veneno contra ratos contém substância chamada Terbufós, que provoca desde vômito, dor de cabeça e cólicas a convulsões, coma e morte
O laudo da perícia feita no milkshake que matou a jovem Vitória da Conceição Pereira, de 23 anos, constatou a presença de “chumbinho” na bebida. O caso ocorreu no dia 4 de agosto em Maricá, na Região Metropolitana do Rio. O principal suspeito de colocar o veneno na bebida é o ex-namorado de Vitória, Deivid Nascimento Santana, que não aceitava o fim do relacionamento. Para a polícia, a principal suspeita é que o homem, preso há uma semana, tenha premeditado a morte de Vitória e a atraído para uma emboscada com uma suposta oportunidade de faxina.
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“Os materiais do gênero alimentício (vestígios de milk-shake e batata-frita) apresentam- se ALTERADOS, pois se encontram em estado de decomposição e com odor alterado. Além disso, o material do gênero alimentício vestígios de milkshake encontra-se ADULTERADO, devido à detecção da substância TERBUFÓS”, atesta o Instituto de Criminalista Carlos Éboli (ICCE) da Polícia Civil.
Ainda segundo o laudo da Polícia Civil, “o material tornou-se nocivo à saúde, uma vez que, a substância Terbufós, adicionada ao material do gênero alimentício, atua farmalogicamente como inibidora da enzima acetilcolinesterase, sendo absorvidas pelo organismo através da pele e mucosas”. O documento explica que os sintomas clínicos da intoxicação variam de acordo com a dose ingerida e/ou absorvida: vômitos, sudorese, cefaleia, bradicardia, hipotensão, cólicas abdominais, espasmos da musculatura lisa e estriada, convulsões, coma e morte. “Sim. Os grânulos cinza-escuros foram identificados como ‘chumbinho’, isto é, um produto clandestino, irregularmente utilizado como raticida”, diz o laudo.
Por força de uma medida protetiva, Deivid não podia se aproximar de Vitória – a moça tinha procurado a polícia há pouco mais de uma semana dizendo que, no dia 28 de julho, ele invadira a casa dela armado com uma faca. Por isso, o suspeito teria usado outras duas pessoas para conseguir entregar a bebida envenenada. Uma delas era o dono de uma casa em que a vítima foi contratada para fazer uma faxina. Outro fez a ponte entre a vítima e o dono da casa. Até o momento, os investigadores entendem que Deivid ludibriou essas pessoas, e elas não são suspeitas de crimes.
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De acordo com a Polícia Civil, Deivid chegou sozinho a uma lanchonete onde pediu o milkshake e batatas-fritas. Depois, encontrou um homem, a quem pediu que fosse entregar o lanche à vítima. Como a bebida ficou pronta primeiro, ele deixou o homem esperando pelas batatas e saiu do estabelecimento com o milkshake na mão. De lá, foi sozinho até um sobrado com o milkshake e retornou cinco minutos depois. O homem que fez a entrega, ouvido pela polícia como testemunha, afirmou para a polícia que chegou a ver Deivid entrar nesse imóvel.