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Uma ponte no meio do caminho

Ida e vinda com fluxo normal de carros: para os niteroienses, esta seria a hora do rush perfeita

Por Paulo Vasconcellos
Atualizado em 5 jun 2017, 14h36 - Publicado em 28 mar 2012, 19h37

O médico Vítor Vinder, 29 anos, tem de acordar de madrugada para evitar os constantes engarrafamentos na Ponte Rio-Niterói e chegar sem atrasos à clínica psiquiátrica onde trabalha. Se ele custa a sair da cama, arrisca-se a levar de duas a três horas para vencer os 35 quilômetros de distância entre sua casa, em Pendotiba, região oceânica de Niterói, e o bairro carioca de Botafogo. “É uma tragédia”, lamenta.

Seu drama, que não tem solução fácil, só deve ser amenizado quando ficarem prontos projetos como a ampliação da Avenida do Contorno (facilitando o acesso à ponte), a construção do Arco Metropolitano, uma rodovia de 150 quilômetros até Itaguaí que desviará o trânsito de quem segue para a Baixada, e as prometidas novas estações de barcas e ônibus.

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Tida por muitos como a principal vilã do caos do transporte niteroiense, a monumental ponte de 13 quilômetros ainda desperta polêmica. “O maior problema não é a ponte em si, mas os acessos”, diz Márcio Roberto de Morais, presidente da CCR, concessionária que administra a via. É fato. A dificuldade começa de manhã no Caju, do lado do Rio de Janeiro, e se repete no fim da tarde nas avenidas do Contorno, Feliciano Sodré, Jansen de Melo e Alameda São Boaventura, na outra ponta.

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O reflexo é uma cidade refém. Toda vez que a ponte congestiona, Niterói para inteira. Seu trânsito já é complicado por causa de ruas estreitas e, para piorar, o volume de veículos em circulação cresceu 48,5% nos últimos dez anos. Hoje, a frota é de 250?000 automóveis para 487?000 habitantes, proporção de um veículo para cada dois moradores – acima da do Rio, com 2,5 pessoas por carro.

Dos cariocas, Niterói deve copiar, em breve, o sistema de Ônibus de Trânsito Rápido, BRT na sigla em inglês. A abertura de uma sonhada Linha 3 do metrô também está nos planos da prefeitura. Ela ligará Niterói a São Gonçalo e a Itaboraí, constituindo-se portanto no primeiro metrô intermunicipal do país. O início das obras está previsto para o segundo trimestre. O primeiro trecho, que vai de Niterói a São Gonçalo, terá 22 quilômetros, em vias elevadas a 7 metros de altura, e catorze estações. Quando pronto, vai atender 350 000 pessoas por dia. O percurso, que hoje demora noventa minutos, passará a ser feito em trinta.

Por sua vez, as barcas, alvo de recentes protestos por causa do aumento dos preços e das filas intermináveis em seus guichês, deverão ser objeto de um investimento de 40 milhões de reais. O sistema, que transporta cerca de 100?000 passageiros diariamente, ganhará o reforço de sete novas embarcações, já em processo de licitação pelo governo estadual.

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A ponte-símbolo da cidade também está incluída nos planos para o futuro. Mais do que isso: seu presente já começa a ser mudado. Pensando em desafogar as vias contíguas, a Agência Nacional de Transportes Terrestres e a prefeitura acertaram em janeiro uma alternativa para a duplicação da Avenida do Contorno, num traçado que agora vai passar pelo Cemitério do Maruí. As obras vão custar 25 milhões de reais e devem começar em poucas semanas. Com seus 2,5 quilômetros de extensão, a via tem um fluxo diário de 90 000 veículos e é um dos principais gargalos da Rio-Niterói.

Todo esse pacote de medidas talvez não seja suficiente para livrar a cidade do pesadelo do trânsito. Sabe-se que o sonho de uma linha do metrô por baixo da baía não passa disso – um sonho -, em virtude dos custos da obra. A construção de uma nova ponte, entre o Aterro do Flamengo e o bairro do Gragoatá, é outra especulação inviável, pois atrapalharia pousos e decolagens do Aeroporto Santos Dumont.

Símbolo do mesmo milagre econômico que abriu uma improvável rodovia na Amazônia, a Ponte Rio-Niterói parecia a princípio, também ela, um devaneio. Mas virou realidade e acabou por se transformar na principal artéria a ligar o coração das duas cidades mais importantes do estado. Levou cinco anos para ficar pronta e custou o suor de 10?000 brasileiros. O engenheiro Carlos Henrique Siqueira, estagiário em 1974, hoje consultor da CCR, já visitou trinta países fazendo palestras sobre a obra, e não se cansa de exaltá-la, tratando-a como se fosse uma filha: “A ponte é vida”.

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