Continua após publicidade

Setembro Amarelo começa sob o impacto da morte de família na Barra

O episódio de tristeza indizível ocorreu pouco antes do início da campanha do Setembro Amarelo, mês internacional de prevenção ao suicídio

Por Pedro Tinoco
Atualizado em 5 dez 2016, 11h06 - Publicado em 3 set 2016, 01h00
Família morta na Barra
Família morta na Barra (Gabriel de Paiva/AG. O GLOBO/)
Continua após publicidade

A primeira reação, de compreensível incredulidade, não impediu que a notícia se alastrasse rápido. Das investigações emergiu o quadro inverossímil, de tão funesto: na manhã da segunda-feira 29 de agosto, Nabor Coutinho de Oliveira Júnior, 43 anos, esfaqueou a mulher, Laís Khouri, 48, que, aparentemente, dormia quando foi atacada. Depois, ele atirou os filhos, Henrique, 10, e Arthur, 7, da varanda do apartamento no 18º andar onde viviahavia dez anos. Em seguida, também pulou para a morte. A polícia encontrou uma carta atribuída a Nabor na unidade do Edifício Lagoa Azul, no condomínio Pedra de Itaúna, na Barra. No texto, ele manifesta forte preocupação com a possibilidade de não ter mais “como sustentar a família”. Ele tinha deixado havia semanas o emprego na TIM, onde trabalhava desde 1998, e feito uma aposta profissional que, pelo menos na sua cabeça, ameaçava dar errado. Acabam aí as informações. “Qualquer explicação foi embora com essa parte de nossa família, deixando tristeza e saudade”, leu, em nota à imprensa, Juliana Costa Khouri, no enterro de sua tia Laís e dos dois meninos em Formiga, em Minas Gerais, a cidade natal dela. No mesmo dia, Nabor foi sepultado sem velório em Belo Horizonte. O episódio de tristeza indizível ocorreu pouco antes do início da campanha do Setembro Amarelo, mês internacional de prevenção ao suicídio. No consenso de especialistas, tratar do assunto como tabu prejudica o combate a um mal que ceifa 800 000 vidas por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. É doloroso, mas o choque da tragédia na Barra, envolvendo uma família como tantas outras, pode inspirar esclarecedores debates sobre o tema. Albert Camus (1913-1960), o escritor para quem o suicídio era o único problema filosófico verdadeiramente sério, deu a pista no livro O Mito de Sísifo — Ensaio sobre o Absurdo: “Matar-se é de certo modo, como no melodrama, confessar. Confessar que se foi ultrapassado pela vida ou que não se tem como compreendê-la”.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.