Morte de jovem dentro do Hospital Lourenço Jorge é investigada pela polícia
Secretário municipal de Saúde diz que vai apurar ‘com rigor e total imparcialidade’ se houve excesso de médico que atendeu vítima, esfaqueada no pescoço
A mãe de Richard Ferreira da Cruz, que morreu no domingo (11) no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra, diz que a morte do filho foi causada pelas agressões de um médico dentro da unidade de saúde. O rapaz deu entrada na unidade de saúde na noite do sábado (10) após ser esfaqueado no pescoço, mas, depois de “estabilizado”, teria entrado em conflito com a equipe que realizava o atendimento. Segundo Alessandra Ferreira da Silva, um soco do médico acertou o ferimento.
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No domingo (11), o caso – inicialmente registrado pela 16ª DP (Barra da Tijuca) – passou a ser investigado pela Delegacia de Homicídios. Em nota, o hospital diz que Richard atacou os profissionais de saúde, que precisaram adotar “medidas de proteção”. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, ferimentos prévios por uma “arma branca” causaram a morte. A identidade do médico não foi divulgada. “É importante destacar que o paciente se apresentava agitado e agressivo e, conforme o relato da equipe de plantão, ele atacou os profissionais de saúde, que precisaram adotar medidas de proteção até conseguir contê-lo e encaminhá-lo à sala vermelha. Devido ao intenso sangramento, o paciente não resistiu e, infelizmente, veio a óbito”, diz o texto. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, diz que vai apurar ‘com rigor e total imparcialidade’ se houve excesso do médico que atendeu vítima.
Richard foi conduzido ao Lourenço Jorge por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após ser encontrado esfaqueado na Avenida das Américas, também na Barra. Segundo a mãe, ele teria sido vítima de um assalto e, após ser internado, a família recebeu uma ligação do hospital, no início da madrugada de domingo (11), informando que o rapaz estava muito agitado. Ela disse que foi ao local e explicou para a equipe do plantão que o filho sofria de depressão e bipolaridade, pedindo para que o filho fosse sedado. Foi quando, ainda de acordo com a mãe, ele levantou da cama e disse que iria embora.
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À polícia, ela relatou que uma enfermeira deu uma advertência a Richard, dizendo que ele precisava ficar deitado. Em seguida, um médico, de forma agressiva, teria gritado com o filho, dizendo que ele não podia se comportar daquela maneira. Ainda conforme o relato da mãe, Richard foi na direção do médico, que o teria agredido com chutes e socos, reabrindo a ferida causada pela facada. “Começou a dar golpes e pegou o meu filho duas vezes (…) Um deles [um soco] pegou e acertou em cheio a veia”, disse. O paciente teria começado a sangrar e foi levado para a sala vermelha. Depois de ser retirada da sala, Alessandra foi para a delegacia registrar a agressão. Quando voltou para o hospital, algumas horas depois, foi informada de que o filho estava morto. “Ele já estava estabilizado. Essas agressões todas foram a causa da morte do meu filho”, alega Alessandra.
“A gente vai verificar se houve um excesso, uma agressão do médico”, afirmou Daniel Soranz, em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, nesta segunda (12), reforçando que “o paciente que tinha tido uma lesão por arma branca no episódio anterior, também uma situação delicada, e tinha um sangramento intenso”: “Então, para conter esse sangramento intenso, o paciente precisava ficar em repouso tranquilo. Tudo que ele não estava; também não era possível utilizar nenhum tipo de contenção química devido à instabilidade que o paciente tinha”.
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Confira a íntegra da nota da Secretaria de Saúde:
“A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ) esclarece que, na noite deste sábado (10), por volta das 21h30, o paciente deu entrada na unidade trazido pelo Corpo de Bombeiros após sofrer lesão por arma branca com sangramento intenso.
É importante destacar que o paciente se apresentava agitado e agressivo e, conforme o relato da equipe de plantão, ele atacou os profissionais de saúde, que precisaram adotar medidas de proteção até conseguir contê-lo e encaminhá-lo à sala vermelha. Devido ao intenso sangramento, o paciente não resistiu e, infelizmente, veio a óbito.
Por se tratar de caso de violência – ferimento por arma branca, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e a situação foi comunicada à polícia para investigação.”