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Quem era Faustão, miliciano cuja morte suscitou ataques na Zona Oeste

Contato entre milícia e tráfico, Matheus da Silva Rezende, de 25 anos, era investigado por 20 mortes no Rio, entre elas a do ex-vereador Jerominho, em 2022

Por Da Redação
24 out 2023, 16h15

Apontado como o pivô da ação que terminou com 35 ônibus e um trem queimados no Rio nesta segunda (23), Matheus da Silva Rezende, de 25 anos, conhecido como Faustão, era muito mais do que o sobrinho de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, na estrutura da maior milícia do Rio. Morto pela Polícia Civil nesta segunda (23), ele era considerado como sucessor natural do tio e vinha, há pelo menos três meses, estreitando os contatos entre a milícia e a maior facção de traficantes do estado, o Comando Vermelho (CV), segundo a Polícia Civil. Investigado por cerca de 20 mortes de criminosos, Faustão também foi denunciado por planejar a execução do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho.

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A milícia responsável pelo caos no Rio foi fundada por policiais, expandiu-se pelo estado na última década e vive crise interna após morte de ex-chefe. Faustão era homem de confiança da milícia desde que Wellington da Silva Braga, o Ecko, irmão de Zinho, mandava na organização. Quando Zinho assumiu o controle do grupo paramilitar, Faustão passou a ser um dos principais integrantes, estando envolvido na maioria dos confrontos com outros milicianos em disputas por territórios. Nas negociações com o tráfico, seu contato era Philip Motta Pereira, o Lesk, assassinado pela facção ao participar da morte de quatro médicos na orla da Barra da Tijuca, no início de outubro.

O grupo, batizado de Liga da Justiça, foi criado na virada dos anos 2000 por policiais que moravam em Campo Grande. Na época, os irmãos Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e Natalino José Guimarães, inspetores da Polícia Civil e lideranças comunitárias locais, juntaram outros policiais que viviam na região — como o então PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman — e passaram a controlar o transporte alternativo e cobrar taxas da população a pretexto de enfrentar traficantes e ladrões. Jerominho e Natalino chegaram a ser eleitos: o primeiro foi vereador; o segundo, deputado estadual. Entre 2007 e 2008, com a mudança de rota no enfrentamento aos grupos paramilitares gerada pela CPI das Milícias, da Assembleia Legislativa do Rio, a dupla acabou presa — e o comando do grupo passou para as mãos de uma série de PMs, que se sucederam na chefia. O perfil da organização criminosa mudaria a partir da prisão de Marcos José de Lima Gomes, o Gão, em 2014. Com todos os policiais do topo da hierarquia na cadeia, não havia substituto natural. Abriu-se, assim, uma guerra pelo controle do bando, e aos poucos ex-traficantes foram tomando espaço.

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De acordo com o Ministério Público estadual, Faustão é o “principal, chefe ‘presencial’ da organização criminosa em questão, uma vez que Zinho não é visto nas comunidades dominadas”, com poder decisório sobre diversos temas como, por exemplo, aquisição de armas de fogo, pagamentos, além de outras funções no dia a dia da organização criminosa. Segundo o MP, o plano para matar Jerominho surgiu com a notícia de que ele pretendia retomar o controle da milícia e, para isso, matar Zinho.

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