Para Marcos Valle
Aclamado no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, o músico se prepara para um ano intenso. Na quinta (24), se apresenta na Miranda
Em 2013, o cantor, compositor e pianista carioca completa cinco décadas de carreira. Aclamado no Brasil, mas também nos Estados Unidos e na Europa, o músico se prepara para um ano intenso: planeja um disco de inéditas e outro em parceria com a cantora americana Stacey Kent. Ao vivo, os festejos começam na quinta (24), em apresentação na Miranda, com participação do colega de bossa nova Carlos Lyra.
Como anda sua música fora do Brasil? Tenho um público jovem fiel na Europa e nos Estados Unidos. Tudo começou nos anos 80, quando o produtor e DJ Gilles Peterson começou a tocar minhas músicas nas pistas de dança de Londres porque o pessoal que dançava Ray Charles e Stevie Wonder se identificou com meu balanço. Quando me dei conta, minha plateia por lá estava formada. Recentemente, o (rapper americano) Jay-Z sampleou Ele e Ela, da década de 70, e transformou em Thank You. O Kanye West fez o mesmo com Bodas de Sangue, que virou New God Flows. São belas versões.
Por que seu repertório não envelhece? Estou sempre gravando com gente nova. É uma necessidade de vida, e não de carreira. Não sei viver de passado, embora valorize muito o que já foi feito. Preciso de estímulos e de energia, não consigo ficar parado. Da mesma maneira que minha música chama a atenção desse pessoal novo, eu também me interesso pelo que tem sido feito ? são essas misturas de estilos e gerações que fazem a gente se renovar. Essa atenção ao que está sendo produzido é essencial.
Quem são as grandes apostas da música brasileira atual? Nossa, tem muita gente! Eu gosto muito do Criolo, do BossaCucaNova, do Max de Castro, da Céu, da Monique Kessous, da Tulipa Ruiz, da Marina Machado, do Marcelo Camelo, da Mallu Magalhães e do Fino Coletivo, com quem gravei. Com certeza estou esquecendo muita gente que escuto e de que gosto. O trabalho de pesquisa desse pessoal é muito bacana: eles têm bastante interesse em saber o que aconteceu nos anos 50, 60 e 70, tiram dúvidas sobre esses períodos e criam em cima disso. O resultado é um elo perfeito entre o que foi e o que está sendo feito. A história da música brasileira é feita desses movimentos que se conectam, e, por isso, é a mais respeitada do mundo.