Manifestação de servidores por salários atrasados se torna rotina
A indignação crescente de quem não viu o 13º de 2016 se materializa em confrontos na porta do Palácio Guanabara, permanentemente cercado por grades
As grades de proteção diante do Palácio Guanabara já fazem parte da paisagem na Rua Pinheiro Machado. Na terça (8), a barreira metálica e a força policial encarregada de mantê-la foram postas à prova mais uma vez. Organizado pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe), o protesto de cerca de 200 pessoas se concentrou diante da antiga residência da princesa Isabel, a atual sede do governo fluminense. Elas estavam em busca de notícias sobre salários atrasados referentes aos meses de maio e junho — além do 13º de 2016, ainda pendente. Sim, 2016. Palavras de ordem e cartazes ostentavam um tom de agressividade que só aumenta conforme se prolonga a crise. Clássico de atos do gênero, um caixão de papelão com o nome do governador foi incendiado na rua. Diante da informação de que não seriam recebidos por nenhuma autoridade além dos policiais na calçada, os manifestantes perderam a linha. Avançaram contra as grades e foram repelidos à base de gás de pimenta e cassetetes. A passeata e a nova escaramuça fizeram parar o trânsito das 13 às 16 horas. Longe dali, em Brasília, o governador Luiz Fernando Pezão, depois de mais uma rodada de acrobacias financeiras, anunciou que o pagamento dos salários atrasados será feito na sexta (18) ou, o mais tardar, no dia 21. Já o 13º de 2016 (2016!), só em setembro — isso se forem superados detalhes burocráticos da obtenção de um financiamento. Os vencimentos a pagar de maio e junho somam 987 milhões de reais. Incluídos a folha de julho, já a perigo, e o malfadado 13º do ano passado, o espeto sobe para 2,8 bilhões de reais. Escaldados, funcionários públicos, pensionistas e estudantes receberam a notícia vinda da capital federal sem grande empolgação. Vão aguardar para ver. Por enquanto, continuam firmes as grades diante do Guanabara.