
Copacabana viveu uma cena insólita essa semana. Uma montanha de lixo foi deixada pela Comlurb na altura do posto 4, quase no calçadão, nos dias 20 e 21. Alguns pensaram ser uma instalação artística. Mas era lixo de verdade. Despejadas pelos banhistas nas areias do bairro, durante o feriado de São Sebastião, aquelas 40 toneladas de resíduos formaram uma espécie de museu do lixo.
O laço de fita vermelha envolvendo a inusitada obra passou a mensagem de que toda aquela sujeira é o presente que cariocas e turistas porcalhões deixam para a cidade a cada domingo ou feriado. Quarenta toneladas correspondem à metade do que a Comlurb recolhe num dia de praia cheia em Copacabana ? a outra metade é descartada corretamente, nas lixeiras laranjas. ?É dos piores hábitos que nós temos, e por isso mesmo precisamos mudar com urgência?, disse o médico Ricardo Moura, impressionado com a montanha de lixo.
Existem 560 contêineres de lixo na orla de Copacabana: sempre em dupla, são dois a cada 25 metros. Cento e vinte garis fazem a rotina de limpeza em toda a faixa de areia, utilizando quatro tratores e dois caminhões. Do Leme ao Pontal, um batalhão de 630 garis limpam as praias ? quatro vezes mais que no verão passado. As 160 equipes do Lixo Zero espalhadas pela orla desde o início do verão já multaram 560 pessoas em Copacabana. O segundo lugar nesse ranking de praias nada honroso pertence a Ipanema, com 90 infrações.
Apesar das multas e do aumento de garis e lixeiras, o lixo jogado na areia não diminui. ?Nada muda se a gente não muda. Essa é uma dívida que o carioca tem consigo mesmo?, diz Moura. E, principalmente, com a cidade.
