Tirada há cerca de duas semanas, a fotografia de um colhereiro, uma espécie de ave típica de manguezais, é o retrato do processo de recuperação iniciado no ano passado no Complexo Lagunar de Jacarepaguá. A tarefa é uma das obrigações contratuais da concessionária de saneamento Iguá, que desde fevereiro de 2022 faz um investimento de 250 milhões de reais na região. Uma das ações postas em prática foi a limpeza das margens da Lagoa do Camorim e o seu cercamento, a fim de impedir que o lixo retorne para essas áreas. Segundo a companhia, mais de 170 toneladas de resíduos foram retiradas de 5,2 quilômetros de borda do curso d’água.
+ Covid-19: quem já tem o direito de tomar a vacina bivalente no Rio
O clique do pássaro foi feito pelo biólogo Mário Moscatelli, que está atuando como consultor da Iguá na revitalização das lagoas. Segundo ele, a cena aconteceu próximo à foz do Rio das Pedras, uma área extremamente impactada pelo despejo de esgoto de 70 mil pessoas. “É perto também de um dos trechos da margem da Lagoa do Camorim onde estamos atuando. Então, observa-se que pequenas intervenções já surtem uma simpatia da espécie. Não é que o animal não era visto, mas agora temos tido um número de visitas maior que no passado”, disse Moscatelli ao jornal Globo.
Outra iniciativa que tem tornado o ambiente mais favorável à biodiversidade é o plantio de mangue-vermelho, trabalho iniciado no fim do ano passado. A meta da Iguá é plantar 40 mil mudas da espécie na Lagoa do Camorim até o fim de 2023. Tudo isso para que suas raízes estabilizem as margens, retendo sedimentos e evitando o assoreamento das lagoas causado pelo movimento das marés. Cerca de 2.500 já estão lá.
“Meu sonho é ter os guarás de volta, ave avermelhada diretamente associada aos manguezais e que dá nome a Guaratiba. Em 30 anos de trabalho nessa região, só vi esse animal aqui uma vez”, acrescentou o biólogo.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Ao todo, a Iguá, que deverá investir 2,1 bilhões de reais na coleta e no tratamento de esgoto na Barra e de bairros vizinhos, assim como na distribuição de água, em 35 anos de concessão — incluindo a ampliação da rede de esgotamento sanitário. Ações da Fundação Rio-Águas também marcam a recuperação de cursos d’água na região. A entidade está investindo 4,7 milhões de reais na limpeza e no desassoreamento do Canal de Sernambetiba, no Recreio. Desde novembro, mais de dez mil toneladas de resíduos foram retiradas. Um dos objetivos é a prevenção de enchentes.