Leblon ganha calçada artística com homenagem a arquiteto morto em 2020
Largo coloca o nome de André Piva na geografia da cidade, assim como aconteceu recentemente com Bibi Ferreira, Pelé e Rita Lee em outros pontos do Rio
Personalidades que se eternizaram na história recente da cidade passaram também a marcar presença em sua geografia. Do ano passado para cá, Bibi Ferreira tornou-se o sobrenome da Cidade das Artes, na Barra; Pelé virou um trecho trecho da Radial Oeste, na altura do Estádio do Maracanã; Rita Lee batizou o Boulevard Olímpico e está para ficar imortalizada também no Circo Voador. Agora,é o arquiteto André Piva que ganha espaço na Rua Juquiá, no Leblon, que passa a contar com o Largo do Piva. E o compositor Carlos Colla passou a denominar o espaço de lazer que abriga a quadra do bar Cardosão, em Laranjeiras.
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Morto em 2020, aos 52 anos, de leucemia, Piva foi autor tanto de projetos residenciais quanto comerciais, como escritórios, lojas e restaurantes por toda a cidade. Um dos seus mais recentes trabalhos foi a revitalização do Cinema Leblon. Mas restava um que ainda não tinha saído do papel e que está sendo inaugurado agora em setembro: o empreendimento Essência, que ocupa todo o quarteirão da pequena Rua Juquiá, no Leblon, projetado pelo arquiteto para ser um misto de residencial e comercial, mas que acabou ganhando outra dimensão após o falecimento. “Será a primeira rua cultural e artística do Brasil”, define o presidente da construtora Mozak, Isaac Elehep, numa comparação com vias de perfil histórico, como as de Paraty. “Queríamos homenagear o André Piva com mais do que uma placa. Por isso chamamos artistas parceiros para fazer arte, cultura e design na calçada, eixando um legado para a cidade“, diz ele, lembrando que no local havia uma unidade da Comlurb.
Com autorização do viúvo de Piva, o estilista Carlos Tufvesson, a Mozak contou com a parceria da ex-sócia do arquiteto, Vanessa Borges, para desenvolver a ideia. O resultado foi um passeio que contará com projetos de intervenção interativa dos artistas do Coletivo Muda, Marina Caverzan, Marina Rodrigues, Cristina Draeger e Wabi-Sabi. A calçada inteira, por exemplo, é um imenso painel do Muda. Nele se verá, por exemplo, um portal, de Marina Rodrigues, e um bicicletário com iluminação noturna desenhado por Marília Caversan. Os bancos são como se fossem teclas de computador, para instigar quem está passando. “Mostramos nossa ideia para o prefeito Eduardo Paes há cerca De dois meses, e ele ficou emocionado. Como mudar o nome da rua para André Piva seria um processo complicado, ele propôs que o espaço cultural ao ar livre se chamasse Largo do Piva, assim mesmo, mais informal”, conta Elehep. A prefeitura acabou ajudando também colocando duas lombadas e sinalização na via, de 11 metros, para que a velocidade máxima seja de 30km/h.
Outro espaço que está ganhando não apenas nome novo, mas também cara nova é o antigo Boulevard Olímpico, agora Parque Rita Lee, dentro do Parque Olímpico, na Barra. As obras de construção do local, orçadas em 36 milhões, começaram em fevereiro deste ano. Segundo a prefeitura, o Parque Rita Lee vai ser transformado em um parque público natural e ficará numa rota que conecta todas as principais áreas do espaço, como as arenas, os terraços e o “Live Site”, uma esplanada destinada a eventos em frente à Lagoa de Jacarepaguá. A área, de 36 mil metros quadrados, vai ganhar um bosque com mais de 900 árvores e 16 mil arbustos, quadras esportivas, praças, reforma do skate park, praça molhada e pisos coloridos. Haverá ainda novos mobiliários urbanos, como 465 mesas e cadeiras, 27 brinquedos infantis, 14 aparelhos de ginástica e 14 bicicletários. A previsão é que a inauguração aconteça em março de 2024. Até lá, o bom e velho Circo Voador também já deve ser rebatizado com o nome da rainha do rock nacional, que nasceu em São Paulo, mas tinha orgulho de ser Cidadã Honorária Carioca desde 2007, quando foi homenageada na Câmara dos Vereadores do Rio. A Casa aprovou recentemente a incorporação de seu nome à casa de espetáculos em que, em 2012, em apresentação histórica, Rita comunicou sua despedida dos palcos. O projeto de lei seguiu para sanção do prefeito. A roqueira faleceu de câncer em maio.
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Quem virou sobrenome de uma grande casa de espetáculos foi Bibi Ferreira, que rebatizou a Cidade das Artes em fevereiro, quando faria 100 anos. A artista faleceu em 2019. Já Edson Arantes do Nascimento passou a nomear em janeiro um trecho da Avenida Radial Oeste, justamente próximo ao Maracanã – onde marcou o milésimo gol da carreira, em 19 de novembro de 1969 -, que hoje se chama Rei Pelé. Atleta do século e maior ídolo do futebol mundial, morto aos 82 anos, em dezembro do ano passado, Pelé é o dono da bola no trecho entre o início da via, na altura da Avenida Maracanã, e a confluência das ruas São Francisco Xavier e Oito de Dezembro, totalizando 1.470m de extensão. A proposta foi anunciada nas redes sociais do prefeito Eduardo Paes, que na ocasião abriu uma votação no perfil do Twitter, na qual os internautas poderiam escolher entre “Pelé” e “Rei Pelé”. Foram computados mais de 41 mil votos. Mais recentemente, a Praça que abriga a Quadra do Cardosão, em Laranjeiras, até então anônima, foi nomeada em homenagem ao compositor Carlos Colla. Autor de sucessos como “Bye, bye tristeza” e “Solidão”, na voz de Sandra de Sá, e “Falando sério” e “A namorada”, gravadas por Roberto Carlos, entre outras, Colla morreu em janeiro, aos 78 anos.