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A Lagoa dos sonhos: exposição une passado e futuro com águas despoluídas

Imagens feitas com Inteligência Artificial chamam a atenção para necessidade de ampliação do canal do Jardim de Alah

Por Paula Autran
Atualizado em 1 jul 2023, 12h00 - Publicado em 30 jun 2023, 19h26
lagoa
Lagoa limpa: imagem feita com Inteligência Artificial mostra como águas poderiam ser aproveitadas por banhistas se ficassem limpas com a ampliação do canal do Jardim de Alah (./Divulgação)
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Uma Lagoa Rodrigo de Freitas emerge dos sonhos numa exposição de fotos que, com o auxílio da inteligência artificial, mostram suas águas, translúcidas, emolduradas por equipamentos de uso público inspirados nos ícones que construíram o melhor da arquitetura e da paisagem cultural carioca: Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Roberto Burle Marx, Affonso Reidy, Benedicto de Barros e Sergio Bernardes. A mostra, acompanhada de dados técnicos de pesquisa realizada pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da UFRJ, foi pensada para, de maneira leve, abrir um canal de discussão: a importância do Jardim de Alah para a vida da lagoa.

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“Não faz sentido a prefeitura licitar o Jardim com um canal fedorento. Este é o momento de incluir uma obra essencial que foi mal feita há cem anos para não consolidar uma situação que está errada e não funciona”, diz o arquiteto e urbanista Pedro Évora, que organiza o evento com o economista Mauro Viegas Neto e o produtor cultural Marcus Wagner, do Alalaô Kiosk , no Arpoador, onde acontece a exposição, a partir deste domingo (2). Das 15h30 às 19h, estarão no local especialistas e pessoas que se preocupam com o futuro da Lagoa. O conteúdo técnico da exposição é baseado nos estudos do professor da COPPE Paulo Rosman, engenheiro civil com ênfase em obras hidráulicas e saneamento, que há trinta anos se debruça sobre o tema. Segundo Rosman, desde 1920 a Lagoa é asfixiada pelo estreito canal, insuficiente para o seu fluxo hídrico.

Naquele ano, o engenheiro Saturnino de Brito havia projetado o canal com 30 metros de diâmetro para funcionar como artéria de oxigenação da Lagoa, ligando-a ao mar. Mas o então prefeito Carlos Sampaio pediu para manter sua boca com 10 metros, pois a ponte ligando a Vieira Souto e a Delfim Moreira acabara de ser construída. Com o assoreamento aos longo das décadas, no entanto, ele não atende nem 20% da demanda de troca hídrica e vive entupido. De acordo com as pesquisas do especialista, o paliativo encontrado para sua desobstrução foi a instalação de retroescavadeiras que ficam de plantão no local. A retirada das areias movidas pelo mar para a boca do canal já chega a cerca de 1,5 milhões de metros cúbicos  das praias de Ipanema e Leblon ao longo de meio século. “Com isso, a largura da praia foi reduzida significativamente e se faz sentir nas ressacas sobre pistas e prédios da orla”, alertam os defensores da obra para resolver definitivamente o problema, que pode ser alargar o canal ou colocar quatro dutos subterrâneos para fazer a ligação.

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“O que está em jogo é o sonho de uma lagoa limpa“, reforça Évora, lembrando que até o início do século passado ela tinha praias de areias brancas e conchas. Ele convida as pessoas a usar a inteligência artificial e fazer seus próprios projetos para o local: “O que queremos é provocar esta discussão, para que ela não fique na superfície, com o debate sobre o que o Jardim de Alah vai ter ou não com a reforma. Precisamos ir mais à fundo“. Em caso de chuva o evento será remarcado.

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