Jornalista abre fazenda histórica para alunos da rede pública

Idealizadora do projeto Viagem aos Tempos dos Barões e Escravizados, Liliana Rodriguez abriu imóvel para visitas gratuitas de estudantes da rede municipal

Por Heloiza Gomes
10 nov 2017, 16h55
“Achávamos injusto que quem não pudesse pagar não tivesse acesso à história de seus antepassados” (Selmy Yassuda/Divulgação)
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Fusão de duas propriedades (São Luiz e Boa Sorte), a fazenda São Luiz da Boa Sorte, localizada em Vassouras, data de 1835 e é uma das remanescentes do ciclo fluminense do café no século XIX. Há treze anos, o lugar foi adquirido pela jornalista Liliana Rodriguez e por seu marido, Nestor Rocha. Eles restauraram e abriram o imóvel para visitação, mediante a venda de ingresso — 120 reais, com direito a almoço. Em 2013, entretanto, Liliana resolveu dar a um número maior de pessoas a oportunidade de conhecer um pouco melhor aquele período histórico. Criou, então, o projeto Viagem aos Tempos dos Barões e Escravizados, que leva, diariamente, alunos de escolas públicas a um passeio pela fazenda. “A região foi o destino de mais de 1 milhão de negros, e achávamos injusto que as pessoas que não pudessem pagar não tivessem acesso à história de seus antepassados”, explica Liliana.

Além de visita guiada por educadores, a iniciativa inclui transporte, lanche, almoço, aulas de história e geografia e a distribuição de um gibi homônimo do programa, que conta a vida do barão de São Luiz (antigo proprietário do local) e de seu escravo Epifânio Moçambique. “Na fazenda, os meninos assistem a esquetes teatrais sobre a relação entre senhor e escravo e plantam mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. De volta à escola, escrevem uma redação sobre o que viram no passeio”, diz a jornalista. O projeto valeu-se da Lei nº 10.639, que torna obrigatório o estudo da história afro-brasileira na rede pública, para conseguir patrocínio para suas ações.

Desde que iniciou suas atividades, o Viagem aos Tempos dos Barões e Escravizados já atendeu mais de 12 000 jovens, de treze municípios do estado, e ofereceu cursos de formação a cerca de 500 professores. O sucesso rendeu ao projeto o Prêmio Rodrigo Melo Franco 2017, na categoria estadual de promoção e difusão do patrimônio cultural. Liliana admite que chorou de emoção ao ser informada da distinção, concedida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Eu sempre quis ajudar a diminuir a desigualdade entre os alunos de classe média e os que enfrentam dificuldades. E ver a alegria de uma criança não tem preço”, diz a jornalista, que, às segundas, leva internos de orfanatos para conhecer a fazenda. “Aí, é por minha conta”, avisa.

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