Carioca Nota 10: Joel Rodrigues

O pedreiro Joel Rodrigues planta mudas de árvores e cuida da vegetação da Pedra do Arpoador

Por Caio Barretto Briso
Atualizado em 5 dez 2016, 14h47 - Publicado em 5 abr 2013, 18h34
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carioca-nota-dez-abre.jpg (Redação Veja rio/)
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Plantar um jardim em meio a rochas não chega a ser coisa simples, mas é exatamente isso que Joel Rodrigues tem feito nos últimos dez anos. Diariamente, ele dedica as manhãs a cultivar pitangueiras, abricós e buritis na Pedra do Arpoador. Ali, entre cariocas e turistas que se encantam com o visual deslumbrante, acompanha de perto o crescimento de 219 mudas de árvores em canteiros cercados por estacas de eucalipto que ele mesmo fincou no solo acidentado. Morador do Morro da Babilônia, no Leme, Joel tomou para si a tarefa de embelezar o local, constantemente atacado por pichadores e vândalos. Calcula que, desde que começou a reflorestar a área, pelo menos 111 mudas foram arrancadas ou roubadas. “Eu sempre me impressiono com a falta de respeito das pessoas por um lugar tão bonito”, diz ele.

“Eu sempre me impressiono com a falta de respeito das pessoas por um lugar tão bonito”

Como muitos nordestinos que migraram para o Rio, Joel, de 42 anos, é um faz-tudo. Nascido em Pernambuco e pedreiro de profissão, também trabalha como bombeiro hidráulico, passeador de cachorro e o que mais aparecer. A jardinagem, pratica na pedra mesmo — e sem nenhuma remuneração. Para que as plantas vinguem no calor do verão, chega a carregar, sozinho, mais de 1 000 litros de água em dois baldes de 25 litros são vinte idas e vindas. Por muito tempo, o dinheiro para pagar a terra adubada, as estacas das cercas e as mudas saíam do próprio bolso. Em 2009, a empresa Ecobrand, de gestão ambiental, aderiu à causa e passou a custear as despesas. Mas Joel não está satisfeito. Para ele, a iluminação pública é péssima e os garis só esvaziam as lixeiras. “Apenas um me ajuda na limpeza”, lamenta. Para os parceiros, o pernambucano é um modelo a ser seguido. “É um desses personagens incríveis da cidade, uma força incontrolável da natureza”, resume o geógrafo Marcelo Motta, da Ecobrand.

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