Presente? Influenciadoras serão investigadas por vídeo com crianças negras
Mãe e filha, com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no Tiktok, deram banana e macaco de pelúcia a elas
Mãe e filha, as influencers Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves causaram revolta nas redes sociais nos últimos dias, ao aparecerem em vídeos presenteando crianças negras abordadas em vias públicas com uma banana, um macaco de pelúcia e até dinheiro. Nesta terça (30), a advogada Fayda Belo denunciou as duas, que já se envolveram em episódios semelhantes. Em 2021, a dupla se filmou humilhando um motorista de carro. Na gravação, elas afirmavam que o veículo do homem tinha “cheiro podre”. Uma delas chega a dizer, de acordo com a revista Glamour, que o motivo para isso era o cabelo do motorista. Os vídeos foram apagados das redes sociais, mas a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância abriu inquérito para investigar se elas cometeram crimes de racismo e injúria racial, e se desrespeitaram o Estatuto da Criança e do Adolescente.
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Especialista em direito antidiscriminatório, Fayda disse à TV Globo que os vídeos apresentam o chamado “racismo recreativo”, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”. “Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfulenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores […]? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada”, afirmou a advogada. Kérollen tem um canal no qual publica vídeos junto com a filha, Nancy. São mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no Tiktok. Em um dos registros, Kérollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de receber um presente ou 10 reais. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou e deixa o vídeo da influencer.
Assim como as gravações mais recentes, a publicação das influenciadoras digitais feita em 2021 rendeu acusações de racismo nas redes sociais. Na época, elas chegaram a gravar um vídeo se explicando e afirmaram que tudo se tratava de uma “trollagem”. “Pra (sic) ele não se sentir ofendido a gente disse que falaria coisas feias. Mas que era só um personagem. Para ele não levar pro (sic) coração nada”, diz o vídeo publicado em fevereiro daquele ano. Nesta gravação, o motorista que aparece no vídeo original também está presente. Ele se manifesta e declara não ter se sentido ofendido pois sabia se tratar de um vídeo para as redes sociais.
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As influencers ainda não se manifestaram após a repercussão do caso. A conta delas no Instagram impediu que novos comentários fossem feitos nas publicações. Desde a repercussão dos vídeos, a conta da dupla no Instagram publicou apenas um story, no qual está escrito o versículo bíblico Isaías 43:25: “Mas sou eu, eu mesmo, que apago os seus pecados por amor de mim, e que nunca mais se lembra deles”.