Influenciadoras que presentearam crianças com macaco respondem por injúria
Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves são alvo de cinco inquéritos, sendo quatro por injúria racial na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância

Investigadas após gravar vídeos dando banana e macaco de pelúcia a crianças negras, as influenciadoras digitais Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves respondem a cinco inquéritos na Polícia Civil, sendo quatro por injúria racial na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), e um registrado apenas como injúria na 74ª DP (Alcântara), em São Gonçalo. O caso foi desmembrado após a delegada titular Rita Salim apurar que foram várias ações gravadas em dias diferentes. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) recebeu, até quarta (31), 690 comunicações com denúncias contra os vídeos.
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Em 2021, as influenciadoras gravam um vídeo durante uma corrida em um carro de aplicativo e dizem que o cabelo do motorista cheira mal. Em depoimento prestado na Decradi na segunda (12), no entanto, Evaldo Jesus Faria, de 50 anos, disse que não se sentiu ofendido, que a “brincadeira” foi combinada antes da gravação e que ele recebeu pelo vídeo. Já em vídeo de maio de 2023, as duas dão uma carteira para uma vendedora de rua abrir. Ao fazer isso, ela descobre que ele está recheado de banana amassada. Em uma segunda parte do vídeo, Kérollen e Nancy orientam a vendedora a abrir um compartimento da carteira, onde ela encontra R$ 50. A investigação sobre esse vídeo também está na Decradi.
A Polícia Civil localizou mais um registro por injúria feito contra Kérollen e Nancy na 74ª DP (Alcântara). Uma mãe teria procurado a delegacia para registrar que as influenciadoras teriam abordado seu filho e feito uma gravação sem o seu consentimento. Como a Polícia ainda não analisou o conteúdo do vídeo, o caso foi registrado apenas como injúria. Em depoimento nesta segunda (12), na Decradi, Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves negaram o crime e disseram que os vídeos e as supostas brincadeiras são pré-combinadas com os envolvidos, inclusive com as crianças. Procurada pelo G1 para falar sobre os inquéritos, a advogada que representa as influenciadoras disse “que não comenta seus casos, nem dá entrevistas, e que todos estão sob sigilo“. Mas apenas os que envolvem menores de idade se encontram nessa condição.
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Em nota divulgada por sua assessoria jurídica, a dupla disse que “não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias” no vídeo. “Sendo assim, gostariam de se dirigir às pessoas que se sentiram diretamente atingidas, para dizer que não tivemos intenção de as ofender individualmente, nem como gênero, etnia, classe ou categoria a que elas pertençam”, diz um trecho do texto.