Para Heloísa Périssé
Depois da novela Avenida Brasil e do musical O Mágico de Oz, a atriz aparece como a personagem Débora na comédia Odeio o Dia dos Namorados
A controladora Débora é o oposto da ?mãezona? Monalisa, de Avenida Brasil? É, sim, e foi exatamente essa a meta que eu tracei. Comecei a fazer o filme quatro dias depois do fim das gravações de Avenida Brasil. Pensei assim: vou pegar esse coração quente da Monalisa e transformar em pedra. A ideia era me distanciar da personagem o máximo possível.
Débora leva ao extremo o plano de ser independente. Você se identifica com ela? Eu a vejo como uma mulher em paz com o que decidiu para a vida dela. Não queria ter filhos, nem ser mãe, e sim pensar na profissão. É uma pessoa muito dura e objetiva. Hoje em dia, nós, mulheres, perdemos esse lado princesinha e viramos guerreiras. Vejo muito isso em mim, e ainda sou casada há onze anos e tenho duas filhas. A Débora é diferente. Ela possui uma certa comicidade, embora seja muito sofrida. Por isso a personagem tem consistência. O filme não é a gracinha pela gracinha. A trama começa de um jeito e termina de outro.
Como no musical O Mágico de Oz, a comédia usa a fantasia para narrar a história. Você gosta do gênero? Adoro trabalhar o lúdico. Quando você acredita na fantasia, ela fica real. A vida é virtual, é aquilo em que você acredita. No roteiro, a minha personagem vira fantasma e, a partir daí, ganha a chance de reavaliar sua história. Mas, no dia a dia, todos podemos fazer este exercício, de olhar para trás e refletir sobre o que fizemos.