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Grupo cria alerta nas redes sociais para avisar onde tem tiroteio

Quatro amigos informam aos cariocas pelo Facebook, Whatsapp e Telegram sobre incidentes de violência na cidade

Por Pedro Moraes
Atualizado em 11 fev 2017, 00h00 - Publicado em 11 fev 2017, 00h00
Policiais em operação em Cordovil, na Zona Norte:  alerta para confrontos
Policiais em operação em Cordovil, na Zona Norte: alerta para confrontos (Guilherme Pinto / Extra / AgÍncia O Globo/Divulgação)

A convocação não poderia ser mais explícita — e dramática: “Estamos formando a maior rede voluntária de segurança do Brasil, compartilhem nossa página e nos ajudem a tirar pessoas das rotas de balas perdidas e arrastões”. Esse é o enunciado que apresenta a página Onde Tem Tiroteio-RJ (OTT-RJ), no Facebook, consequência direta do caos que se instalou em vários pontos da cidade. Com 22 000 membros e em franco crescimento, a comunidade virtual surgiu da iniciativa de quatro amigos que procuravam se proteger da violência no Rio. A ideia segue vagamente o conceito da conta no Twitter @LeiSecaRJ, uma rede colaborativa que divulga a localização das blitze policiais que buscam motoristas embriagados. No entanto, diferentemente do serviço quase anárquico que ajuda motoristas infratores a escapar das multas, a OTT visa basicamente a mapear em tempo real as áreas de conflito e tiroteios.

Oferecer informações precisas sobre as praças de guerra estabelecidas nos bairros do Rio é uma tarefa que exige rigor e seriedade. Os criadores da página — o petroleiro Benito Quintanilha, o professor de física Marcos Baptista, o especialista em informática Dennis Coli e o técnico em logística Henrique Caamaño — adotaram uma série de procedimentos para que não haja riscos e erros. O cuidado começa na seleção dos membros do grupo. “A cada pedido de adesão feito no Facebook, analisamos o perfil do interessado e dizemos quais são as regras da página. Caso ele concorde com elas, formalizamos o convite”, explica Caamaño, que chega a dedicar doze horas por dia à OTT. O objetivo é evitar que criminosos tirem partido da rede.

Antes que a notícia de um confronto seja publicada, tudo é cuidadosamente checado. Para isso, o time aciona contatos nas polícias Militar, Civil e Federal, além de cruzar dados fornecidos pelos próprios usuários. Ao mesmo tempo, a rede desdobra-se em outros aplicativos, como WhatsApp e Telegram. “Deixar de confirmar informações ou permitir publicações indevidas poderia causar pânico desnecessário”, esclarece Caamaño. Com média diária de 500 novas curtidas no perfil, o grupo prepara a versão do serviço como um aplicativo de celular. Os primeiros testes serão feitos em março, mas o grande desejo é unir forças com outra importante ferramenta, o Waze, popular entre motoristas por indicar os caminhos mais rápidos. Por enquanto, os criadores da OTT trabalham em caráter voluntário. “Entendemos que prestamos um serviço à população”, diz o técnico em logística.

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Violência OTT
(Reprodução Facebook)

Os índices registrados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) comprovam que o Rio vive um momento crítico. No ano passado, o número de roubos a pedestres, com 93 955 casos, foi recorde desde que começou a ser medido, em 1991. Os roubos de veículo aumentaram 34,4% entre 2015 e 2016. Sem uma resposta imediata do estado, em penúria financeira, grupos de cidadãos têm se articulado para trocar informações sobre o assunto na internet. A página Rio de Nojeira tornou-se popular ao exibir vídeos de bandidos em ação no Centro. Também fazem sucesso iniciativas voltadas especificamente para bairros, como Copacabana Alerta, em que moradores chegaram a combinar, em setembro de 2015, um ataque a assaltantes — uma evidente infração da lei. Para o coordenador de segurança da ONG Viva Rio, Ubiratan Angelo, ex-coronel da Polícia Militar, a participação da sociedade é fundamental, porém é preciso haver um trabalho conjunto com as forças policiais. “Criar redes de informações é importante, mas as pessoas também devem buscar os órgãos de segurança, para ações efetivas contra o crime”, opina. Sem sinal de luz no fim do túnel, é bom que os cariocas se mantenham atentos — e conectados.

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