Ajuda que vem de fora
Alemães firmam parceria para estimular práticas agrícolas sustentáveis na serra a fim de prevenir tragédias provocadas pelas fortes chuvas
Em janeiro de 2011, a Região Serrana foi palco da maior tragédia climática do país. Fortes chuvas devastaram a área, provocando a morte de cerca de 1?000 pessoas apenas em Teresópolis e Nova Friburgo, os municípios mais atingidos. Destruídas à época, as duas cidades voltam a recuperar suas forças por meio do turismo e da agricultura. Mas a cada novo temporal, fato que se repete com frequência por ali, o fantasma de uma nova catástrofe torna a assombrar a população local. Entre denúncias de desvio de dinheiro público e de doações que não chegam aos necessitados, pelo menos uma boa notícia surge para desanuviar os humores. E o socorro vem do outro lado do Atlântico. Nos próximos três anos, o governo alemão investirá quase 10 milhões de reais em um projeto que vai estimular práticas agrícolas sustentáveis e, ao mesmo tempo, ajudar a prevenir deslizamentos nas encostas da região. “A Alemanha é conhecida por usar as mais modernas tecnologias no cultivo de alimentos. Vamos aplicar esse know-how às peculiaridades daqui”, explica o engenheiro- agrônomo Juan Carlos Torrico Albino, da Universidade de Colônia, líder ao lado de Sabine Schlüter, vice-diretora da instituição, da comitiva que visitou a área na semana passada.
O plano é tão simples, e custa relativamente tão pouco, que deixa uma incômoda questão no ar: por que precisamos que alemães venham aqui para resolver nossos problemas? Basicamente, o trabalho vai se concentrar em ações de saneamento e no estímulo a técnicas mais produtivas de plantio. Em parceria com o governo estadual, estão previstas iniciativas para desenvolver o sistema de tratamento do esgoto em pequenas vilas, monitorar a qualidade da água utilizada e os parâmetros meteorológicos. Em paralelo, serão ministradas aulas para ensinar aos agricultores métodos muito fáceis que podem deixar o solo menos propenso a desmoronamentos. Um deles é promover a rotatividade dos alimentos cultivados na roça. Outro é realizar nas áreas íngremes a lavoura em camadas, aumentando assim a aderência do terreno. “Essas medidas deixarão a terra mais firme, diminuindo os riscos de deslizamento nas regiões montanhosas”, reforça Nelson Teixeira Alves Filho, da Secretaria de Agricultura do Estado. Tomara que o empurrãozinho alemão ajude a acabar, de uma vez por todas, com essa calamidade.