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Obra de Tarsila, trabalho espiritual e o golpe de 725 milhões de reais

Filha é presa por roubar quadros renomados da própria mãe; alguns foram vendidos para museu na Argentina

Por Da Redação
Atualizado em 10 ago 2022, 19h33 - Publicado em 10 ago 2022, 13h52
Quadro Sol Poente, de Tarsila, recuperado na Operação
Sol Poente: quadro de Tarsila deu nome à operação policial que prendei filha de viúva de colecionador. (./Reprodução)
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Depois de contratar pessoas que se passaram por videntes para convencer a mãe, de 82 anos, a pagar por um “trabalho espiritual” a fim de salvá-la, uma filha aplicou um golpe de 725 milhões de reais na idosa, somando pagamentos sob extorsão e quadros roubados, incluindo obras de Tarsila do Amaral e de Di Cavalcanti. Os nomes das envolvidas não foram divulgados, mas a vítima seria viúva de um marchand.

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A filha golpista foi presa na manhã desta quarta (10) na Zona Sul do Rio. Sete pessoas são suspeitas de envolvimento no golpe, mas uma delas já morreu. Os agentes da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade cumpriram ao todo seis mandados de prisão e 16 de busca e apreensão. Além da filha, quatro pessoas já foram presas. Alguns quadros levados foram recuperados — um deles, Sol Poente, de Tarsila, batiza a operação. A obra é avaliada pela vítima em 250 milhões de reais e estava sob o estrado da cama de um dos suspeitos.

Tudo começou quando a idosa foi abordada pela suposta vidente, que a avisou filha morreria em breve. Essa mulher levou a idosa a outras duas comparsas, apresentadas como uma cartomante e uma mãe de santo, que confirmaram a previsão e lhe sugeriram pagar por “um trabalho” para salvar a filha. Assustada, a vítima contou tudo para a filha, que, então, prosseguiu com o plano e fingiu ficar apavorada, suplicando para a mãe fazer o trabalho espiritual. A mãe obedeceu e fez, em um intervalo de 15 dias, pagamentos que totalizaram 5 milhões de reais.

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Depois do início do “tratamento espiritual”, a filha começou a isolar a mãe dentro de casa, dispensando funcionários e prestadores de serviços domésticos. No início de fevereiro, porém, a idosa começou a perceber que a filha tinha relação com as ditas videntes e parou de fazer os repasses. A filha começou a agredir e ameaçar a própria mãe. A Polícia Civil do Rio afirma que a filha elaborou todo o plano, no início de 2020.

Já estão presos, além da filha criminosa, Gabriel Nicolau Traslaviña Hafliger, Jacqueline Stanescos e Rosa Stanesco Nicolau, mãe de Gabriel. No total, foram roubados 16 quadros (com valor estimado de 709 milhões de reais) e joias (um total de 6 milhões de reais), além do dinheiro. Em pagamento pelos “trabalhos espirituais”, a vítima pagou 5 milhões de reais, tendo também transferido sob ameaça 4 milhões de reais aos criminosos. Três obras foram recuperadas em São Paulo. Outras duas ainda não, pois foram vendidas para o Museu de Arte Latino-Americano, em Buenos Aires.

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Confira a lista dos quadros roubado e seus respectivos preços em reais, apurados pela polícia:

O Sono, de Tarsila do Amaral: 300 milhões
Sol Poente, de Tarsila do Amaral: 250 milhões;
Pont Neuf, de Tarsila do Amaral: 150 milhões;
O Menino, de Alberto Guignard: 2 milhões;
Elevador Social, de Rubens Gerchman: 1,5 milhão
Mascaradas, de Di Cavalcanti: 1,5 milhão;
Maquete Para Meu Espelho, de Antônio Dias: 1,5 milhão;
Aquarela sem título, de Cícero Dias: 1 milhão;
Coruja ao Luar, de Kao Chi-Feng: 1 milhão;
Ela, aquarela, de Cícero Dias: 1 milhão;
Porto de Pesca rem Hong-Kong, de Kao Chien-Fu: 1 milhão;
Mulher na Igreja, de llya Glazunov: 500 mil;
Desenho representando uma paisagem, 1935, de Alberto Guignard: 150 mil;
Église Saint Paul, de Emeric Marcier: 150 mil;
Retrato, de Michel Macreau: 150 mil;
Rue des Rosiers, de Emeric Marcier: 150 mil.

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