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Cultuada e desejada

A chegada de grife americana alvoroça uma legião de cariocas que são consumidoras vorazes da marca

Por Louise Peres
Atualizado em 2 jun 2017, 13h10 - Publicado em 26 mar 2014, 18h13
Fotos Tomas Rangel
Fotos Tomas Rangel (Redação Veja rio/)
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Em vez de ir a uma festa ou barzinho, a administradora de empresas Fabiana Pires e um grupo de dez amigas planejavam se recolher cedo na noite de sexta passada (21). É que no dia seguinte elas iam encarar, por vontade própria, um programa extenuante. Planejavam estar pontualmente às 7 da manhã na porta do Shopping VillageMall, na Barra, a fim de garantir senha para a inauguração da primeira filial carioca da cobiçada Forever 21. “Ver toda a coleção em primeira mão é um privilégio”, diz Fabiana, que virou freguesa da grife americana há seis anos, durante uma viagem a Orlando. Desde então, não parou mais de reforçar seu estoque da marca, que prima por conciliar as últimas tendências da moda jovem a cifras acessíveis. “As roupas são lindas e têm preço ótimo”, afirma. Para uma legião de consumidoras, como é o caso dela, não será mais necessário viajar ao exterior e gastar em dólar para adquirir as peças. O frenesi verificado na abertura da primeira loja da grife no país, que aconteceu no último fim de semana em São Paulo, dá uma ideia da comoção que vem por aí. Mais de 2?000 clientes visitaram o ponto e aguardaram pacientemente até cinco horas para comprar um produto. Ao tomarem conhecimento dessa mobilização, os administradores do VillageMall trataram de reforçar a segurança para a ocasião.

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Tamanha expectativa se justifica. A Forever 21 é um dos símbolos mundiais da chamada fast-fashion, ou, para usar outro anglicismo, uma varejista de moda que segue a linha cheap and chic. Vende produtos masculinos também, mas o forte são mesmo itens do vestuário e acessórios voltados para elas. Fundada em 1984, na cidade de Los Angeles, pelo imigrante sul-coreano Do Won Chang, a marca desde o início teve como maior atrativo o preço em conta: a partir de 5 dólares era possível comprar uma roupa. Trinta anos depois e com a identidade visual marcada pelo amarelo berrante, espalhou-se por mais de 550 endereços nos Estados Unidos e em dezenas de países da Europa, América e Ásia. Seu principal cartão de visita é a loja da Times Square nova-iorquina, onde se flagram com facilidade levas de brasileiras vasculhando as araras em busca de uma pechincha. Aberta em 2010, ela tem cinco andares, 9?000 metros quadrados e funciona até as 2 da madrugada, chegando a receber 100?000 clientes em um dia de boa movimentação. Apesar de todo o gigantismo, tra­ta-se de uma empresa ainda familiar. Chang visita cada ponto de venda antes de assinar o contrato e cuida pessoalmente da administração de seu império varejista ao lado da esposa e de suas duas filhas. Uma curiosidade diz respeito ao nome do conglomerado. Ao contrário do que sugere, Forever 21 nada tem a ver com algum elixir da juventude. Na verdade, faz alusão a uma passagem bíblica do Livro de João, uma reverência à devoção do fundador da grife, que é um católico fervoroso.

Com o aumento do poder aquisitivo da classe média como seu fator primordial, o mercado de moda no país vive um momento ímpar. Nos últimos dez anos, o setor teve seu faturamento multiplicado por quatro. Só no ano passado ele movimentou 140 bilhões de reais. Atentas a essa boa oportunidade de negócio, uma série de marcas estrangeiras desembarcou recentemente no Brasil. Entre elas, a britânica Topshop e a Gap, o maior grupo americano do gênero, que fincaram pé, por ora, na capital paulista. A próxima da fila é a sueca H&M, que promete inaugurar sua primeira filial ainda neste ano. Mesmo a Forever 21 já chega com planos de expansão. Está prevista para ocorrer até dezembro a abertura de mais cinco lojas, no Rio, em São Paulo, Ribeirão Preto, Porto Alegre e Brasília. Talvez o principal desafio de quem se instala seja conseguir manter o preço baixo num país com elevada carga tributária. Precavida, a grife americana descentralizou sua cartela de fornecedores, com produção espalhada por China, Filipinas e Vietnã. Assim, camisetas que nos Estados Unidos custam 3 dólares saem aqui por 8,90 reais (veja o quadro). “Lá acho coisas bonitas e descoladas pagando pouco”, diz a assistente comercial Mariana dos Santos, cujo armário é uma coletânea da marca. Agora, o acervo tende a aumentar.

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