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Família carioca viaja por dois anos para gravar documentário

Com vinte pranchas e muitas câmeras na bagagem, os integrantes embarcam para desbravar os principais picos das ondas 

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 2 jun 2017, 12h03 - Publicado em 9 jul 2016, 01h00

À primeira vista, eles podem até parecer uma típica família de comercial de margarina curtindo mais um fim de semana na praia. Mas o quarteto que ilustra a foto ao lado não é tão convencional assim: Bruno Robles, 34 anos, e Jade Azeredo, 33, conheceram-se numa festa de Ano-Novo no barco onde o carioca morava (isso mesmo), na Marina da Glória. Ele, um jovem fotógrafo de surfe com cabelos desgrenhados e a barba por fazer. Ela, loira, olhos azuis, estudante de moda da Zona Sul. Parecia um casal improvável, não fosse um detalhe: o DNA igualmente aventureiro de Jade. Antes mesmo de ela nascer, seu pai, hoje dono de uma pousada no interior de Alagoas, já havia desbravado as praias nordestinas atrás das melhores ondas, a bordo de um Fusca, em 1973. Juntos há doze anos, os dois nunca se preocuparam em levar uma vida convencional. A dupla morou numa vila de pescadores em Pipa, no Rio Grande do Norte. Primeiro, num casebre sem água nem luz. Depois, eles ergueram ali uma pousada que já serviu até de cenário para a novela Flor do Caribe, em 2013. Antônio, o primogênito do casal, pegou sua primeira marola nas águas potiguares junto com o pai aos 8 meses, e com 1 ano e meio já ficava em pé na prancha. Hoje, aos 11 anos, surfa com a destreza de quem já encara tubos velozes e arrisca outras manobras ainda mais radicais. Em 2011, quando tinha 6 anos e a irmãzinha, Angelina, 2, a família partiu para uma viagem de carro de 45 000 quilômetros pelos melhores picos do esporte na América do Sul. Agora, têm pela frente mais uma grande aventura. “O surfe é uma filosofia de vida, é respeito ao próximo e à natureza. Queremos formar seres humanos mais conscientes”, avalia Robles.

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A jornada em busca das melhores ondas do mundo vai durar dois anos. A primeira etapa, que engloba destinos inusitados e paradisíacos em países como Indonésia, Índia, Sri Lanka e Austrália, vai custar cerca de 25 000 dólares, que Robles levantou durante dois anos trabalhando na construtora do pai e com o arrendamento da pousada em Pipa. Dono de uma produtora de vídeo, ele prepara um documentário sobre a jornada das crianças pelos sete mares (dois amigos de Antônio, os surfistinhas Ulisses Vinícius e Jorgen Marinho, também embarcaram nessa) e um programa para um canal de TV por assinatura que se interessou pelo projeto. A saga lembra a da família Schurmann, famosa por velejar pelo mundo. Em 1984, o economista catarinense Vilfredo e a professora carioca Heloísa partiram de Florianópolis, com os três filhos, para desbravar os oceanos. Pierre, David e Wilhelm cresceram a bordo, estudando por correspondência. “Os meninos lavavam roupa, limpavam o banheiro, aprenderam a dormir com barulho, a comer de tudo e a lidar com qualquer situação”, diz Heloísa. Certa vez, em alto-mar,  precisaram ajudar até a tratar um dente da mãe, quebrado pelo caroço de uma ameixa. “Minha maior escola foi a vida. Aprendi geografia, por exemplo, no topo de um vulcão na Martinica”, lembra David.

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Com 150 quilos de bagagem, vinte pranchas e três skates, os Azeredo-Robles embarcaram há pouco mais de um mês para Nias, na Indonésia. Eles enfrentaram quatro voos, muitas horas de viagem, incluindo sonecas no chão dos aeroportos usando a capa das pranchas como saco de dormir, e uma série de imprevistos. Faltava só mais um trecho para eles chegarem ao destino quando foram barrados na máquina de raio X por causa de um arpão que levaram caso tenham de ir em busca do próprio alimento. “Pusemos em prática o jeitinho brasileiro, e, no fim, já estavam todos pedindo para tirar fotos com essa família ocidental muito louca”, diverte-se Jade. Até a hospedaria em Sorake Beach, o paraíso das ondas, foram mais duas horas e meia de carro e muitas novidades pelo caminho. Para começar, a direção do veículo é invertida, à direita, e há túmulos no quintal das casas. “Faz parte da cultura local enterrar os entes queridos assim. Aproveitamos para falar às crianças sobre as diferentes religiões, pois há muitas igrejas e mesquitas por aqui”, conta Jade. Enquanto o irmão surfa, Angelina prefere catalogar os animais exóticos que encontra pela frente. “Faço uma coleção de bichos e tiro muitas fotos. Depois, devolvo todos à natureza”, diz ela, sob o olhar orgulhoso dos pais. Muita aventura, com certeza, ainda os aguarda nessa jornada. 

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