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Etarismo? O caso do mestre de 67 anos barrado em curso universitário

Por falta de histórico escolar, ex-aluno da UFRJ teve matrícula cancelada em outro curso para o qual passou na mesma universidade

Por Da Redação
21 jul 2022, 15h32

Formado em Processamento de Dados pela PUC, em 1977, e com mestrado em Ciência da Informação pela UFRJ, em 1997, Gilberto Macedo Pina, de 67 anos, teve sua matrícula no curso de Ciências Sociais por não apresentar seu histórico escolar dentro do prazo estipulado pela própria UFRJ. Gil, como é conhecido entre os colegas, acredita que que a universidade não quer a presença de idosos em seus cursos e por isso estaria dificultado sua formação, uma vez que a instituição já reconheceu seu histórico escolar quando deu a ele o título de mestre.

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“Eu estou decepcionado. A gente fica ouvindo muitas coisas durante a vida. Aqui mesmo a gente aprende a combater a homofobia, a lgbtfobia, o racismo, o machismo, mas parece que eles não falam de combate ao etarismo. E eu confesso, sem querer acusar ninguém, que talvez eu esteja sendo vítima de etarismo. Na verdade, sou um velho. Será que há interesse de um velho ficar na universidade? Talvez não tenha”, disse Gilberto à TV Globo. “Só que um velho como eu, tá bem, não vou durar muito mais, mas eu tenho direito de ir à praia, ao samba, a uma rave, a me apaixonar e a estudar na UFRJ”, completou o estudante.

A decisão de Gil em voltar para a universidade aconteceu depois que ele venceu um grave problema de saúde. Em 2020, ele fez o Enem e conquistou sua vaga para Ciências Sociais na UFRJ. Para fazer a matrícula, no entanto, a universidade federal exige o histórico escolar do ensino médio, mesmo para um aluno como Gil, com graduação e com mestrado concluído na própria universidade.

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Só que Gil não tem mais o documento. Ele chegou a pedir uma cópia à Secretaria estadual de Educação. Mas com a demora para conseguir uma resposta da secretaria, e para não perder o prazo da matrícula, a filha de Gil – que é advogada – entrou com uma ação na Justiça. “Nós decidimos impetrar um mandado de segurança buscando assegurar essa vaga. Primeiro liminarmente, enquanto esse documento não fosse expedido. Depois, ao final do processo, para que essa matrícula fosse confirmada quando a Secretaria estadual de Educação disponibilizasse esse histórico escolar”, explicou Fernanda Castelliano Pina.

Já fora do prazo exigido pela UFRJ, a secretaria de Educação informou que a escola onde Gil concluiu o ensino médio não existia mais. Para tentar resolver, a secretaria emitiu um outro documento para substituir o histórico escolar. Até que uma solução definitiva fosse encontrada, Gil continuou assistindo às aulas e fazendo as provas por dois períodos. “E me dei muito bem. Eu tenho coeficiente de rendimento 9,7, que é altíssimo. Nesse ínterim, a UFRJ cancelou a minha matrícula, mas eu continuei estudando”, contou ele.

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A UFRJ recorreu da liminar que garantia a matrícula de Gil. Na última semana,  desembargadores do Tribunal Regional Federal decidiram que o estudante não teria o direito à matrícula porque perdeu o prazo para a entrega do histórico do ensino médio. Agora, a advogada de Gil disse que vai levar a questão ao Superior Tribunal de Justiça. “Vamos recorrer ao STJ e, possivelmente, oporemos embargos de declaração em face desse acórdão”, disse a advogada. Para Fernanda, o problema só existe por conta de uma burocracia desnecessária. “Esse histórico escolar é só para confirmar que ele concluiu o ensino médio. Mas isso a própria UFRJ já confirmou quando atribuiu o título de mestre. Então, é só uma burocracia sem sentido”, completou Fernanda.

Na opinião do estudante, a luta para conseguir concluir o curso pode valer para incentivar outros que passem pela mesma situação: “Nem só por mim, mas por outros idosos que passam por uma situação que eu passei. Ou até jovens mesmo que podem passar pela mesma situação”.

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